A crescente preocupação de que a pandemia de coronavírus possa limitar a oferta de minério de ferro no Brasil deve sustentar ainda mais os preços – na máxima em oito meses – e já adia previsões para o momento da descida rumo aos US$ 70.
O Citigroup, que no início de maio disse que a queda para US$ 70 a tonelada ocorreria nas próximas semanas, agora espera que o minério de ferro atinja esse nível no fim do ano.
Possíveis perdas acima do esperado vindas do Brasil, juntamente com a forte demanda de siderúrgicas da China, devem sustentar o minério de ferro por mais tempo, antes que da oferta transatlântica global pressione os preços, segundo a estrategista de commodities do Citi, Tracy Liao.
“Não ficaria surpresa em ver os preços em US$ 100”, disse Tracy, destacando que os estoques portuários da China já são os mais baixos desde 2016.
Medidas de estímulo chinesas, como a emissão de títulos especiais para ajudar a financiar infraestrutura, também ajudarão a demanda, disse. O preço spot de referência chegou a ser negociado a US$ 97,15, a cotação mais alta desde setembro.
A resiliência do minério de ferro surpreendeu investidores, que esperavam queda dos preços com a recuperação dos embarques brasileiros depois do rompimento da barragem em Brumadinho no ano passado, o que reduziu a produção. Mas condições climáticas e a posição do Brasil como epicentro do vírus voltam a destacar riscos da oferta.
“O catalisador mais positivo para os preços do minério de ferro é que ainda estamos aguardando mais notícias e manchetes” do Brasil, disse Tracy.
O Citigroup tem monitorado o surto de vírus, particularmente nos estados do norte do país, onde são extraídos volumes significativos.
No entanto, na hipótese do banco, a Vale deve conseguir administrar a crise de coronavírus por meio de medidas de saúde.
A Morgans Financial estima que os preços podem voltar a testar US$ 120, pois a oferta não consegue acompanhar a demanda resiliente.
Nesta semana, o Morgan Stanley disse que, embora o momentum do atual rali possa continuar em junho, os preços serão ajustados para baixo dependendo de quando a oferta do Brasil se recuperar.
O banco também não espera que estímulos em infraestrutura impulsionem a produção de aço da China no curto prazo de maneira significativa.
Fonte: Money Times