domingo, 22 de dezembro de 2024
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    Fiol vai abrir caminhos para a mineração baiana

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    À medida em que as obras de implantação da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) avançam, um horizonte de oportunidades vai se abrindo na mineração baiana. O corredor logístico, que deve se conectar ao futuro Porto Sul, em Ilhéus, por volta de 2023, deverá tornar em realidade alguns dos potenciais que a Bahia tem no setor.

    Atualmente, a Bahia possui 42 projetos relacionados à produção de minério de ferro, que podem vir a ser beneficiados pela implantação da ferrovia e do porto. Embora a imensa maioria deles ainda se encontre nas fases iniciais de pesquisa, em pelo menos um o potencial de exploração já está comprovado e depende apenas da obra de infraestrutura para iniciar a produção.

    Para a implantação dos trechos I e II da Fiol, que cortam pouco mais de 1 mil quilômetros no território baiano, a previsão é de um investimento de R$ 6,4 bilhões. No caso do Porto Sul, estão previstos R$ 2,5 bilhões.

    Antes mesmo que a primeira composição ferroviária percorra os 537 quilômetros do primeiro trecho da Fiol, entre Ilhéus e Caetité, o trecho já tem a garantia de demanda para um terço da sua capacidade de escoamento, de 60 milhões de toneladas por ano. Sozinha, a Bahia Mineração (Bamin) deve chegar a utilizar um terço da capacidade da ferrovia.

    A empresa, responsável pelo projeto Pedra de Ferro, em Caetité, já tem encaminhadas as licenças ambientais e dos órgãos reguladores da mineração para iniciar a sua operação. Depende apenas do corredor logístico, diz o coordenador-executivo da Casa Civil do governo da Bahia, José Carlos do Valle.

    “A Fiol e o Porto Sul vão impulsionar a nossa mineração a um novo nível. A questão da logística de escoamento é algo muito importante para este setor”, pondera Valle.  Segundo ele, existem 42 projetos relacionados a minério de ferro que podem ser impactados de maneira positiva com a oferta de infraestrutura para o escoamento.

    “A maioria dos projetos ainda vai passar por um longo processo até ter comprovada, ou não, a sua viabilidade. Mas só com a Bamin, a ferrovia e o porto já se viabilizam. Depois disso, vai ser só aguardar que a oferta de infraestrutura atraia outros projetos”, avalia José Carlos do Valle. Segundo ele, as estimativas são de uma movimentação inicial da mineradora entre 10 e 12 milhões de toneladas por ano, com um crescimento ano a ano, até atingir cerca de 20 milhões por ano.

    De acordo com a Bamin, o Porto Sul e a Fiol são projetos para a empresa, além de descentralizar o desenvolvimento econômico da região Sudoeste e Sul da Bahia, “afetando positivamente toda a cadeia produtiva da região, gerando empregos, aumentando a arrecadação de impostos municipais e permitindo consequentemente o investimento pelos municípios nas áreas de Infraestrutura, Saúde, Educação e Segurança”.

    A empresa destaca, em nota, que, além da utilização de um terço da capacidade da Fiol, deverá utilizar metade capacidade de movimentação do Porto Sul, cuja previsão é de movimentar um total de 40 milhões de toneladas por ano. “A produção da BAMIN será a primeira carga a ser transportada, alavancando novos negócios ao longo deste corredor”, destaca a empresa, complementando que o excedente de capacidade, de 20 milhões de toneladas por ano, vai viabilizar a movimentação de outras cargas minerais, bem como de grãos e fertilizantes.

    Além do escoamento do minério de ferro, a infraestrutura deve tornar viável a exploração de outros minerais, como o manganês, bauxita, rochas ornamentais, além de outros tipos de metais básicos.

    O geólogo João Carlos Cavalcanti, sócio da Companhia Vale do Paramirim, destaca que a única coisa que falta para a Bahia ganhar ainda mais espaço na mineração brasileira são melhores condições logísticas. “A Bahia tem potencial para se destacar em diversos produtos, inclusive na produção de minério de ferro, que atualmente é dominada por Minas Gerais e o Pará”, acredita.

    Segundo Cavalcanti, após o acidente em Brumadinho, que fez a Vale do Rio Doce parar de produzir em algumas áreas, há espaço para novos produtores no mercado. “A Bamin tem uma reserva com ferro de alta qualidade, nós também temos. Com a ferrovia levando essa produção para o litoral, podemos suprir essa demanda”, acredita. O projeto dele saiu do estágio de prospecção, quando há a confirmação da presença do minério no subsolo, e está no estágio de exploração, para determinar, entre outras coisas, a quantidade de material disponível na reserva.

    Aumento de produção
    Um exemplo do impulso que a ferrovia pode trazer para a mineração baiana pode ser percebido na indústria de rochas ornamentais. O estado é o que tem o maior volume de extração no país de mármores e granitos de alto padrão, com produtos bastante valorizados no mercado como o granito Azul Bahia e o mármore Bege Bahia. Entretanto, a ausência de uma estrutura logística eficiente para o escoamento da produção tornaram o Espírito Santo, estado vizinho, como o maior beneficiado com a produção baiana, com a implantação lá de uma indústria para o beneficiamento e processamento das rochas.

    Representantes do setor acreditam que o investimento em infraestrutura adequada para a movimentação de minérios, pode ajudar a reverter este quadro. Com o beneficiamento e o processamento da produção os ganhos do estado com a atividade tendem a crescer.

    Paulo Guimarães,  superintendente de Atração de Investimentos e Fomento ao Desenvolvimento Econômico, da Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), acredita que a infraestrutura adequada vai permitir que a mineração baiana atinja todo o seu potencial. “A mineração é uma das atividades econômicas que tem o maior potencial de crescimento em nosso estado”, avalia Guimarães.

    Para ele, o corredor logístico abre um horizonte não apenas para o aumento da extração de minerais, mas para o adensamento de cadeias produtivas. “Nós queremos aumentar a extração de minérios, mas queremos também que a logística nos ajude a implantar um polo siderúrgico no Sul da Bahia”, diz.

    Complexo está previsto para 2023
    Em meados de 2023, o Porto Sul e  o primeiro trecho da Ferrovia de Integração Oeste-Leste devem estar em funcionamento e começar a alterar o mapa econômico da Bahia. Enquanto a Fiol tem estimativa de ser licitada pelo Ministério de Infraestrutura no segundo semestre do próximo ano, as primeiras ações de desapropriação em vias de acesso do Porto Sul foram iniciadas no último mês de julho.

    O coordenador executivo da Casa Civil da Bahia, José Carlos do Valle, diz que entre os meses de setembro e outubro serão realizadas as primeiras obras nos acessos ao futuro terminal portuário, entre Ilhéus e Itacaré e entre Ilhéus e Uruçuca, além do início da construção de uma ponte rodoviária sobre o Rio Almada. Neste caso, a estimativa é de um prazo de 10 meses para a conclusão das obras. A responsabilidade pela implantação do Porto Sul é da Bamin e do estado.

    Em nota, o Ministério da Infraestrutura destaca que as obras da do primeiro trecho da Fiol, entre Ilhéus e Caetité, estão com avanço físico em torno de 80%. No trecho batizado de Fiol II, de Caetité a Barreiras, de 485 km, o avanço físico da obra é em torno de 34%. O terceiro trecho, de Barreiras a Figueirópolis, em Tocantins, de 505 km, ainda está em fase de revisão de estudos e projetos. O Ministério da Infraestrutura ressalta que o projeto de concessão atual envolve apenas a primeira parte da implantação da ferrovia.

    “Nós estamos trabalhando para que o cronograma de entrega da porto e da ferrovia fiquem ajustados”, diz José Carlos do Valle.

    Fonte: Jornal CORREIO.

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