Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A exportação de minério de ferro do Brasil em maio somou 21,5 milhões de toneladas, queda de 28% na comparação com o mesmo mês do ano passado, de acordo com dados do governo publicados nesta segunda-feira, à medida que a mineradora Vale ainda lida para recuperar parte da produção paralisada após o desastre de Brumadinho (MG).
Os embarques de minério de ferro do país ainda caíram mais de 10% ante o volume embarcado em abril, ficando bem próximos da mínima do ano, de 21,2 milhões de toneladas, registrada em março, no momento em que o mercado acompanha com lupa qual será o impacto da pandemia de coronavírus sobre a produção e a exportação do Brasil.
No acumulado do ano, os embarques de minério de ferro do Brasil atingiram 115,3 milhões de toneladas, queda de 13,3% ante o mesmo período de 2019.
Em receita, as exportações em maio apresentaram queda de 30%, para 1,359 bilhão de dólares, uma vez que os preços nos portos brasileiros ainda estão em 63,3 dólares por tonelada, quase dois dólares mais baixos frente ao total de maio de 2019, quando o mercado reagia às preocupações sobre o impacto do desastre de Brumadinho.
As cotações do minério de ferro embarcado no Brasil estão bem distantes dos patamares vistos na China, em torno de 100 dólares por toneladas, considerando custos de frete, entre outros fatores. O preço no país não evoluiu na velocidade do produto posto na China, em maio.
Analistas do BTG Pactual afirmaram em nota recente que os preços na China têm embutido um prêmio de risco, devido a preocupações sobre o impacto do coronavírus na produção brasileira, especialmente da Vale, que responde pela maior parte das exportações nacionais.
“Não esperamos um grande choque de produção (por exemplo, Carajás sendo fechada por um longo período ou qualquer coisa altamente perturbadora); portanto, há riscos de uma revisão para baixo de descendente de 10 milhões a 15 milhões de toneladas, se pequenos soluços aparecerem, em nossa opinião”, afirmaram os analistas em nota no domingo.
Para o BTG, a expectativa é de que a produção da Vale no ano fique no patamar mais baixo do guidance fornecido pela companhia, e os riscos estão inclinados para o lado negativo.
Em meados de abril, a Vale reduziua meta de produção de minério de ferro deste ano para 310-330milhões de toneladas, ante projeção inicial de 340-355 milhõesde toneladas, devido a um resultado abaixo do previsto noprimeiro trimestre, além de atrasos na retomada de produção emminas e outros impactos causados pelo novo coronavírus.
Segundo a empresa, a pandemia atrasou processos de inspeções, avaliações e autorizações para a retomada de operações em algumas minas.
A Vale reportou recentemente que a pandemia não gerou impactos materiais para a produção e que tem seguido todos os procedimentos de segurança.
Em meio a uma forte demanda na China por minério de ferro e preocupações com a oferta do Brasil, que só perde para os Estados Unidos em casos de coronavírus, o contrato mais negociado da commodity na bolsa de Dalian, para entrega em setembro, chegou a subir 6,4%, para 775,50 iuanes (108,92 dólares) por tonelada, o maior nível desde que a China lançou as negociações futuras do minério, em 2013.
O minério encerrou com alta de 3,2%, ampliando seu rali após um sólido ganho de 20% no mês passado, que foi ao maior avanço mensal desde junho do ano passado.
Fonte: UOL