As exportações de minério de ferro do principal porto da Austrália atingiram recorde para o mês de março, um sinal de que os suprimentos do maior exportador voltaram ao normal após problemas climáticos, o que pode pressionar os preços justo quando a demanda global é atingida pela pandemia de coronavírus.
Os embarques que saíram de Port Hedland deram um salto para 46,7 milhões de toneladas em março, o quarto maior volume já registrado, segundo dados da Autoridade Portuária de Pilbara divulgados na quarta-feira.
Cerca de 40,4 milhões de toneladas foram enviadas para a China, onde as empresas começam a retomar as atividades. O terminal de Port Hedland é usado pelas maiores mineradoras, como BHP e Fortescue Metals.
Os preços do minério de ferro não sofreram tanto quanto outras commodities industriais este ano, em parte porque a oferta restrita compensou o impacto inicial do surto.
Esse pilar agora está em risco, pois mineradoras se preparam para aumentar a produção mesmo quando siderúrgicas reduzem as operações.
O Citigroup prevê excedente transoceânico e queda dos preços do minério neste trimestre, destacando a menor demanda por aço.
“A confiança realmente está muito fraca”, disse Tomas Gutierrez, analista da Kallanish Commodities. “Não há muito o que recuperar na produção de aço da China e, provavelmente, isso não é suficiente para compensar reduções adicionais da produção de aço em todo o mundo.”
Os futuros de minério de ferro em Cingapura acumularam queda de 12% no primeiro trimestre. Por outro lado, os preços de referência do cobre em Londres caíram 20% nos três primeiros meses de 2020, enquanto o petróleo tipo Brent despencou 66%.
Os números de rastreamento de navios também apontam para aumento das cargas, embora os fluxos do Brasil ainda não tenham acelerado. O total global em março foi de 113,4 milhões de toneladas, segundo dados da Global Ports. O volume supera os 100,3 milhões de toneladas há um ano, quando as operações da Vale foram afetadas pelo colapso da barragem de Brumadinho.
Na terça-feira, o responsável por minério de ferro da Rio Tinto disse que a China parece estar se recuperando. “Desde que a China retomou as operações, notamos queda dos estoques de aço, nossas carteiras de pedidos estão completas e temos navios esperando na costa para serem carregados”, disse Chris Salisbury à rádio 6PR.
Embora os fluxos de minério de ferro da Austrália estejam subindo, o aumento dos volumes não se reflete nos estoques em portos na China, o maior importador. Os estoques caíram mais de 4% no mês passado e estavam no nível mais baixo desde julho, de acordo com a Shanghai SteelHome E-Commerce.
Fonte: Money Times.