terça-feira, 5 de novembro de 2024
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    Estudo da CPRM aponta jazimentos de ouro, diamante, ametista e metais básicos em Aripuanã (MT)

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    O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) promoveu, na tarde de quarta-feira (17), mais uma live voltada à disseminação do conhecimento geocientífico. O tema da vez foi Evolução Crustal e Metalogenia da Região de Aripuanã (MT), apresentado pelo pesquisador em geociências da CPRM Gil Barreto Trindade Netto. A transmissão foi feita via perfis da empresa no YouTube e Facebook, onde reuniu mais de 1,5 mil pessoas de 20 unidades federativas brasileiras e das cidades de Lima (Peru) e Pitsburgo (EUA).

    O diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM, Marcio Remédio, abriu a tarde de discussões. Para ele, as atividades de mapeamento geológico, de recursos minerais e de integração regional realizadas pela CPRM ampliam o conhecimento geológico do país, apresentando novas oportunidades que subsidiam a tomada de decisão por parte dos investidores. “Além disso, os estudos geológicos voltados à caracterização e avaliação de recursos minerais fornecem importante subsídio para elaboração de políticas públicas que fomentam o desenvolvimento sustentável do país e garantem o bem-estar da população”, observou.

    O trabalho apresentado pelo geólogo Gil Barreto teve início em 2015 na região de Aripuanã, com 99.000 km² de área e situada no noroeste de Mato Grosso e divisa com Rondônia, correspondendo a trinta e três folhas na escala 1:100.000. “A área situa-se no sudeste do cráton amazônico e podemos observar que está no terreno Rondônia-Juruena”, expôs o pesquisador. De acordo com ele, foram descritas várias tipologias de mineralizações e alguns jazimentos (indícios, ocorrências, garimpos, depósitos e minas) de ouro, diamante, ametista, ferro, manganês e associação de cobre-chumbo-zinco.

    Segundo Barreto, a metodologia adotada para o mapa integrado agrupou dados geológicos (1:250.000), geofísicos (aeromagnetometria e gammaespectometria), geoquímicos (escala 1:250.000) e imagens de satélite. “Dentro da área maior, nos arredores do depósito de Expedito, foi feito mapeamento geológico de semi-detalhe (1:50.000) das folhas SC.21-Y-A-I-2, SC.21-Y-A-II-1 e SC.21-Y-A-II-2. São mapeamentos que vêm das décadas de 1980 e 1990 integrados com outros mais recentes, como da folha Rio Branco”, pontuou.

    O principal objetivo do trabalho foi aprofundar o conhecimento geológico e metalogenético da região, com enfoque principal nas rochas do Grupo Roosevelt. O projeto fez parte da ação Áreas de Relevante Interesse Mineral — ARIM da CPRM, cujo foco é avançar no conhecimento geológico de áreas com elevado potencial metalogenético. Na região, está inserido o depósito polimetálico (VMS) de Aripuanã, hospedado em rochas do Grupo Roosevelt, e histórico mineral marcado por intensa atividade garimpeira.

    O Grupo Roosevelt foi dividido em duas formações — Serra do Expedito e Filadélfia —, cada uma com membros e camadas. A Formação Serra do Expedito é caracterizada por predomínio de rochas metavulcânicas efusivas e piroclásticas, intercaladas a rochas meta subvulcânicas ácidas e máficas, geradas em ambiente subaquoso raso a aéreo. Já a Formação Filadélfia é constituída essencialmente de rochas metassedimentares.

    Em se tratando de compartimentação em domínios estruturais, a região foi dividida em 3 principais — Domínio I, Domínio II e Domínio III. O primeiro é composto por rochas plutônicas pertencentes ao Granito Aripuanã e às rochas graníticas da Suíte Intrusiva Zé do Torno, em contatos transicionais com as efusivas riolíticas e dacíticas do Grupo Roosevelt, que compreende parte leste da folha SC-21-Y-A-II-2, e cujo arcabouço é o resultado da deformação em regimes dúctil-rúptil (Fase Dn) e rúptil (Fase Dn+1).

    O Domínio II abrange grande parte das folhas SC-21-Y-A-I-2 e SC-21-Y-A-II-1, bordejando os granitos Aripuanã e a Suíte Intrusiva Zé do Torno com estruturação NW-SE, e seu arcabouço é o resultado da atuação dos eventos orogenéticos em nível crustal mais raso em rochas piroclásticas, epiclásticas e sedimentares, de reologias distintas. A deformação neste domínio atua em regime predominantemente dúctil-rúptil, com destaque para a geração de duas fases de dobramentos, evidenciando um importante padrão de interferência de dobras na região.

    O terceiro domínio, por sua vez, tem estrutura constituída por rochas sedimentares da Formação Dardanelos, constituída essencialmente por arenitos arcoseanos, intercalações pelíticas e níveis conglomeráticos, em bacia provavelmente formada no período extensional pré-Sunsás. A predominância de riolitos e riodacitos com assinatura cálcio-alcalina de alto potássio e diques e soleiras de diabásio toleítico no Grupo Roosevelt sugerem um magmatismo bimodal.

    Os principais resultados e produtos alcançados no projeto apontam para o avanço no conhecimento geológico regional, a partir da elaboração da Carta Geológica da área do projeto na escala 1:500.000, contendo a integração geológico-geofísica e de recursos minerais, e dos três mapas geológicos das proximidades do depósito de Aripuanã, em escala 1:50.000. Ademais, o projeto levou à compilação dos principais garimpos de ouro da região, como do Gil-Fabinho e Juruena e à integração dos dados, permitindo indicar novas áreas de relevante interesse, principalmente para prospecção de ouro, depósitos polimetálicos e diamantes.

    O PESQUISADOR — Gil Barreto Trindade Netto é técnico em Mineração pelo Centro Federal de Ensino Tecnológico de Goiás, graduado e mestre em Geologia pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Trabalhou no setor privado com pesquisa mineral de ouro e sua atuação como pesquisador da CPRM envolve projetos realizados no Centro-Oeste e na Amazônia. Foi o líder do Projeto Evolução Crustal e Metalogenia da Região de Aripuanã.

    PARTICIPAÇÃO E COMENTÁRIOS — Após a apresentação do geólogo, foram respondidas perguntas dos espectadores a respeito, entre outros, do ambiente geotectônico do depósito Expedito e do evento magmático responsável pela formação da Alcalina Canamã. Entre os participantes da palestra, estavam estudantes das principais universidades — como UFMT, Universidade de Brasília (UnB), Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) —, profissionais da mineração, atuantes das ciências da terra e interessados no assunto em geral. Os mais de 1,5 mil espectadores estavam em Lima (Peru), Pitsburgo (EUA), no Distrito Federal e em 19 estados brasileiros — Alagoas, Amazonas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Mato Grosso, Pará, Piauí, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo, Santa Catarina e Sergipe.

    A palestra do pesquisador rendeu também comentários elogiosos, como o de Augusto C. B. Pires: “Meus parabéns à equipe do projeto. Um impressionante acervo de dados para a região de Aripuanã.” Cassio Roberto da Silva também louvou a exposição feita: “Parabéns, Gil e demais membros da equipe do projeto, excelente apresentação”, opinião compartilhada por Paula Jussara: “Parabéns pela iniciativa, CPRM! Agregando demais para a formação e conhecimento dos estudantes e admiradores das geociências!”

    Fonte:  Portal da Mineração

     

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