O top3 do ranking que elenca os principais riscos e oportunidades da indústria da mineração é formado por temas que se complementam: agenda ESG, contexto geopolítico e mudanças climáticas. Mas esta lista não para por aí e pontos de atenção como licenças, custos, produtividade, cadeia de suprimentos, força de trabalho, inovação e novos modelos de negócios completam os temas que permeiam o setor não apenas em Minas Gerais, mas também Brasil e mundo afora.
Os dados compõem o estudo “Riscos e Oportunidades de Negócios em Mineração e Metais no Brasil”, que traz o top 10 de riscos e oportunidades, além de um breve panorama do setor e sua relevância para a economia nacional. Trata-se de um levantamento da EY, uma das maiores consultorias e auditorias do mundo, realizado em parceria com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), elaborado a partir de entrevistas com executivos da alta gestão das maiores empresas do setor com atuação no País.
De maneira geral, a pesquisa indica que a geopolítica e a transformação contínua socioambiental, tecnológica e econômica cada vez mais convidam as empresas a reavaliar seus modelos de negócio. E questões como as tensões comerciais entre China e Estados Unidos, o impacto da guerra na Ucrânia na produção europeia bem como a desaceleração da economia, os juros altos e a inflação impactam os preços da commodity no mercado internacional.
Este contexto leva empresas a impulsionar sua busca por eficiência e produtividade. E também a reavaliar suas cadeias de fornecedores e parcerias comerciais. Além disso, contextos locais e globais intensificam a agenda ESG, cada vez mais imprescindível a qualquer setor.
ESG no topo do ranking
O líder de Energia e Recursos Naturais da EY, Afonso Sartorio, destaca, justamente, o grande bloco que compõe o top 3 da lista: ESG, geopolítica e mudanças climáticas. Segundo ele, especificamente, o ESG estar no estar no topo do ranking evidencia a importância dessa pauta para o setor. “Estar em conformidade somente com a legislação e regulamentação referentes a esses três pilares já não é suficiente num mundo que espera valor compartilhado com real impacto positivo”, ressalta.
De fato. De acordo com o especialista, o “s” do social tem uma grande importância. Assim como o “e” do meio ambiente (environmental em inglês). Essas ações estão relacionadas à disposição das empresas no relacionamento com os territórios e ao legado que querem deixar para o desenvolvimento de cada região. Estas, por sua vez, já promovem ações em vistas de resultados de médio e longo prazos.
“Não é simples, precisa de um alinhamento de agendas comuns entre sociedade, empresa, governo e demais atores envolvidos no processo. Mas as mineradoras já começam a encontrar suas fórmulas e já estão conseguindo contribuir para o desenvolvimento de empregabilidade e indústrias locais, por exemplo. Seja através do compartilhamento de tecnologias, infraestrutura ou qualquer serviço que possa beneficiar a comunidade”, diz.
Meio ambiente
Especificamente no meio ambiente, a maturidade veio primeiro no quesito segurança operacional. As empresas estão investindo para melhorar suas competências, da mesma forma em que buscam projetos e processos produtivos que gerem menor impacto, ou seja, menos uso de água, ocupação de espaço, cuidado com biomas, etc.
E, conforme Sartorio, atualmente, um ponto de destaque neste quesito diz respeito à descarbonização, em vistas de minimizar os impactos do setor produtivo nas mudanças climáticas. “Essa é uma trajetória mais recente, mas que já traz ações concretas, principalmente por parte das grandes mineradoras”, afirma.
Considerando as mudanças climáticas mais o quesito geopolítico, o líder de Energia e Recursos Naturais da EY avalia que existem oportunidades, mas também riscos. De acordo com ele, o Brasil possui algumas vantagens em relação a minerais que são considerados estratégicos para essa transformação. No chamado processo de desglobalização, pelo qual o mundo passa agora, ele chama atenção para o valor agregado.
“É preciso olhar para dentro, agregar valor à nossa produção e nos beneficiar de mercados próximos. Os Estados Unidos, por exemplo, buscam o reequilíbrio do portfólio de insumos. Está aí uma oportunidade, mas para que isso ocorra, precisamos de um alinhamento entre os governos e também de um incentivo para que os investimentos sejam feitos, de fato”, explica.
Desafios
Por fim, o especialista cita os desafios que a cadeia da mineração ainda tem pela frente. A começar pelos custos. Ele lembra que toda empresa precisa fazer corte de custos frequentemente e que vivemos um momento inflacionário no mundo inteiro. Além disso, é preciso ter projetos que deem mais produtividade e eficácia às operações e com segurança.
“E isso é resultante de uma maior integração entre os estágios da cadeia de valor em busca da otimização do parque industrial. Neste sentido, as tecnologias digitais devem funcionar como suporte e não como panaceia que vai resolver tudo. Por isso, se faz necessário alinhar objetivos, incentivos, ferramentas e conhecimento”, conclui.
Foto de Capa: Os riscos para mineração no mundo incluem licenças e custos | Crédito: REUTERS/Muyu Xu
FONTE: Diário do Comércio