Eduardo Athayde é diretor do WWI Brasil.
As cadeias globais de fornecimento de minerais para baterias precisam expandir dez vezes para atender às necessidades projetadas até 2030, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE). De acordo com a AIE, a demanda por baterias de veículos elétricos aumentará dos atuais 340 GWh para mais de 3500 GWh até 2030.
A mineração é uma das indústrias que mais consomem energia no mundo. Também fornece uma fonte crítica de matérias-primas para os setores de manufatura, transporte, construção e energia. A demanda por matérias-primas aumenta à medida que a população mundial cresce e muitas economias de baixa renda se tornam países de renda média. Apesar das inúmeras questões técnicas que ainda precisam ser consideradas, as soluções de energias renováveis estão sendo adaptadas ao setor de mineração.
A energia é uma das maiores despesas das mineradoras, representando aproximadamente 30% do total dos custos operacionais. As empresas podem reduzir seu consumo em até 50% com gerenciamentos inovadores, afirma o relatório da Deloitte. As mineradoras têm uma oportunidade de usar energias renováveis reduzindo custos, melhorando a segurança, confiabilidade, sustentabilidade e mitigando riscos, obtendo vantagens competitivas, continua o relatório.
Investimentos energéticos renováveis adicionais são necessários no curto prazo, principalmente no setor mineral, onde os prazos de entrega são muito maiores do que em outras partes da cadeia de suprimentos, em alguns casos, exigindo mais de uma década desde os estudos iniciais de viabilidade até a produção, e depois vários anos para atingir a capacidade nominal de produção.
Perceber todos os benefícios das energias renováveis requer repensar os processos operacionais e reconsiderar a forma como o trabalho é feito, aplicando inteligências novas de plataformas de planejamentos como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Governança Socioeconômica e Ambiental (ESG) – enfatizo socioeconômico como fidúcia para a sustentabilidade – gerando valores incrementais para o negócio, para a cadeia produtiva, para os municípios onde a mineração ocorre, melhorando a qualidade de vida das comunidades locais como um todo.
Na Bahia, estado com a maior diversidade mineral do país, a Empresa Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), aderindo oficialmente aos ODS, passou a funcionar de forma inovadora, como uma espécie de agência de fomento à mineração, atraindo atenções do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM) e de mineradoras de capital estrangeiro, que operam tanto na Bahia quanto em outros estados, interessadas também no potencial local de energias renováveis.
Destacada na geração de energia solar e eólica, a Bahia tem hoje 268 usinas em operação, somando as duas fontes. 227 usinas eólicas e 41 solares em funcionamento. Até 2025, mais de R$50 bilhões serão investidos no estado com a implantação de outras 74 usinas (63 eólicas e 11 solares), oferecendo potenciais abundantes de energias renováveis para mineração.