Apple, Canon e Nokia estão envolvidas e se comprometeram a rever cadeia produtiva em defesa dos direitos humanos e do meio ambiente
Empresas de eletroeletrônicos, entre elas Canon, Apple e Nokia, estão reavaliando suas cadeias de fornecedores depois de denúncias publicadas pelo jornal The Guardian em parceria com um coletivo de jornalistas liderados pelo Forbidden Stories. A investigação aborda as atividades da mineradora Acacia em uma mina na Tanzânia e apura que nos últimos dez anos, ao menos doze pessoas foram assassinadas pelos seguranças do local. Além disso, resíduos tóxicos da mina estariam contaminando áreas residenciais e córregos da região.
A Acacia diz que está trabalhando para resolver esses problemas, mas, enquanto isso, segue fornecendo ouro para os mercados mundiais, segundo apurou a reportagem. A matéria prima é enviada três vezes por mês para refinarias na Suíça e na Índia, entre elas a MMTC-PAMP, fornecedora de ouro para empresas do setor de tecnologia — o material é usado como condutor em placas de circuito. Contatadas, grande parte das organizações se comprometem a rever suas cadeias de suprimentos.
A Apple declarou estar “profundamente comprometida com o fornecimento responsável de materiais que entram em seus produtos” e afirmou que se um fornecedor não puder ou não quiser cumprir os padrões da empresa, será removido da cadeia de suprimentos.
Na mesma direção, a Nokia diz que entrou em contato com a MMTC-PAMP para apurar as informações e que, se as alegações forem confirmadas, a cadeia de suprimentos deve deixar de trabalhar com essa fundição.
A Canon, por sua vez, afirmou não ter conhecimento de qualquer relação entre os abusos de direitos humanos ocorridos na mina da Tanzânia e as atividades da MMTC-PAMP Índia. De toda forma, a empresa diz que irá analisar cuidadosamente o relatório da refinaria e, em seguida, consultar a Responsible Minerals Initiative, auditoria da qual a marca faz parte (e que já havia autorizado a atividade da MMTC-PAMP), para tomar as medidas apropriadas.
A MMTC-PAMP defende que conduziu a diligência em todas as cadeias de fornecimento conforme sua política de responsabilidade e que visa combater abusos dos direitos humanos, conflitos, lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e preocupações ambientais. A organização afirmou ainda que a mina havia tomado medidas adequadas para remediar os abusos de direitos humanos e reconheceu que era preciso fazer mais em relação às questões ambientais.
Nos últimos dois anos, a mineradora Acacia construiu um muro em algumas áreas da mina, melhorou o treinamento de segurança e introduziu um mecanismo de reclamações, que levou à redução dos conflitos internos. Segundo a reportagem, porém, os moradores locais alegaram que ainda há casos de violência e que a água segue contaminada.
Mais recentemente, o governo da Tanzânia impôs penalidades à mina e ordenou aos operadores que construíssem uma alternativa ao seu reservatório de rejeitos, que é usado para armazenar os subprodutos da mineração. Ainda segundo a lei da Tanzânia, nenhuma mina deveria operar a menos de 200 metros de uma casa ou 100 metros de uma fazenda. A Acacia disse ao The Guardian que não foi possível atender a essa exigência.
Fonte: Epóca Negócios