A usina da Usiminas em Cubatão (SP) pode reativar parte de sua produção de aço em 2022, se houver demanda nacional para isso, pelo menos um ano depois da expectativa da empresa de manter a unidade parada por até cinco anos, em meio ao fraco crescimento da economia brasileira, afirmou nesta quinta-feira o presidente-executivo da Usiminas, Sergio Leite.
“O Brasil tinha uma expectativa de crescer 2,5 por cento este ano e nesta semana a previsão está em 1,95 por cento…A atividade econômica está aquém do que esperávamos”, afirmou Leite à Reuters. “Se o Brasil tivesse crescido ano passado 2 ou 3 por cento, talvez tivéssemos que acelerar (a retomada da usina). Nada acontecerá antes de 2022, isso passa por crescimento econômico.”
Leite lembrou que a Usiminas decidiu no final de 2015 paralisar a produção de aço bruto em Cubatão, que tem capacidade para 4 milhões de toneladas anuais, por três a cinco anos, mas que atualmente, a companhia não está com pressa para uma reativação enquanto a economia nacional segue patinando.
Mas o executivo afirmou que a Usiminas trabalha em um plano para reativar parte da unidade, um alto forno, uma aciaria e outras instalações, dentro de um orçamento projetado de cerca de 1 bilhão de reais.
“Não vamos tomar decisão (sobre Cubatão) neste ano, vamos levar para aprovação ao conselho de administração em 2020 e para voltar precisa de dois anos após a aprovação”, disse Leite.
O executivo, porém, afirmou que está vendo sinais positivos que indicam melhora da demanda brasileira por aço, após os leilões de aeroportos, terminais portuários e da ferrovia Norte Sul, no início deste ano, além da perspectiva de privatizações na área de refino da Petrobras.
“Estamos esperando um crescimento do consumo de aços. Continuamos confiantes no Brasil, vai haver um crescimento, talvez não o que esperávamos. Tudo indica que a partir de 2020 teremos um crescimento econômico maior”, disse Leite.
A companhia deve enviar ao conselho de administração até o fim deste ano um pedido de aprovação para investimento de cerca de 1 bilhão de reais em uma quarta linha de galvanização para a usina de Ipatinga (MG), que está operando à plena capacidade em meio à demanda elevada por veículos na indústria automotiva.
Em outra frente, a empresa reserva outro bilhão de reais para reformar o alto forno 3 da usina mineira. O equipamento, que há quase 20 anos não passa por uma reforma geral, ficará parado por cerca de 100 dias em 2021. Questionado por que a empresa não pode antecipar as obras diante da lentidão atual da economia, Leite explicou que trata-se de um projeto complexo que exige importação de componentes como refratários e outros equipamentos. Este ano a Usiminas desembolsará 60 milhões de reais no equipamento, dentro de plano para 2019 de investimento de 1 bilhão de reais.
Sobre os impactos gerados na indústria siderúrgica pelo desastre da mina da Vale, em Brumadinho (MG), Leite disse que a mineradora assegurou a oferta de pelotas de minério de ferro para 2019. “Desde o início tivemos compromisso da Vale de nos abastecer e ela cumpriu o que acordou conosco nas mesmas condições (de preço)”, disse Leite.
Ele disse que o retorno de operações da mina Brucutu, a maior da empresa em Minas Gerais, autorizada pela Justiça, foi obtida em parte após mobilização do setor siderúrgico e de mineração junto ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e ao governo local.
“O primeiro resultado positivo (da mobilização) é a volta de Brucutu”, disse Leite.
Cerca de 5 por cento da carga de matéria-prima usada pela Usiminas para produção de aço é formada por pelotas e o material é inteiramente suprido pela Vale. Outros 50 por cento vêm da unidade de mineração da Usiminas, Musa, e os 45 por cento restantes de outras mineradoras, afirmou o executivo.
Leite defendeu que mineração não é o foco da Usiminas, ao ser questionado sobre os planos da empresa para se desfazer de sua fatia na mineradora, que tem como sócia o grupo japonês Sumitomo. Por sua vez, o vice-presidente financeiro da companhia, Alberto Ono, afirmou mais cedo a analistas apenas que “o processo de análise para desinvestimento continua”.
Fonte: Extra