As empresas do setor da mineração entendem e defendem que a diversidade de gênero deve ser fator preponderante nos seus planos de negócios. Mesmo com números ainda pouco expressivos de mulheres em cargos de liderança, representantes do setor mineral expuseram desafios e ações que devem ser feitas para mudar este cenário durante o primeiro dia do e-Mineração, no Painel “Políticas de diversidade e inclusão na exploração mineral”.
Patrícia Procópio, Presidente do Women in Mining Brasil, Founder e CEO da XR.Lab, acredita que o cenário de diversidade na mineração está mudando e um exemplo disso são as discussões envolvendo o tema sendo ampliadas a cada dia. “Precisamos ter um equilíbrio de gêneros na mineração e, para isso, é necessário abrir o diálogo. Para mudar o quadro atual de desigualdade de oportunidades e salários, a mineração precisa atrair mais mulheres para a indústria. Isso inclui a contribuição do setor na formação delas e na criação de uma cultura inclusiva onde haja respeito e oportunidades para desenvolvimento econômico e social do país, com intensa participação feminina”.
Para Jones Belther, diretor de Exploração Mineral e Tecnologia da Nexa Resource, a inclusão de gênero na mineração só vai mudar se a gente conseguir mudar a questão cultural instaurada no nosso país. “Ainda somos uma sociedade machista. Precisamos admitir isso para poder mudar. É necessário mudar a cultura dentro das empresas e tornar o ambiente de trabalho um local de respeito”, explicou. Segundo ele, na Nexa existem metas de contratações de mulheres. “Se um homem e uma mulher estão concorrendo a uma vaga e possuem as mesmas qualificações, priorizamos as mulheres. Desta forma, vamos mudar o setor”.
João Luiz Nogueira, CEO da Geosol, acredita que precisamos seguir exemplos que estão sendo trabalhados no mundo. “A Organização das Nações Unidas (ONU) possui um programa de até 2030 ter no planeta um ambiente de trabalho dividido em 50% mulheres e 50% homens. Já no setor mineral brasileiro observamos que o número é bem abaixo disso. Dados de 2011 informam que as mulheres estão cerca de 7% na área operacional e 20% na área administrativa. Com as novas políticas dentro das empresas e discussões sobre o tema, a tendência é que os números mudem”, afirmou.
Para Luís Azevedo, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM), a exploração mineral no Brasil começa a despontar e atrair a diversidade, porém, essa ação é muito recente. “Deixamos de atrair mulheres para essas atividades de campo. Elas ficaram dentro de um espaço reservado culturalmente por todos nós: universidades e laboratórios. Porém, elas não faziam parte da exploração mineral. Isso é uma realidade que temos que mudar. Isso inclui não só a formação, mas também a criação de oportunidades nas várias etapas das organizações das empresas”, analisou.
O presidente da ABPM ainda frisou que por considerar que a exploração mineral é um dos segmentos da mineração que deve estar envolvido em qualquer política de diversidade e inclusão social, anuncia que a partir deste evento, a Associação torna-se defensora dessa campanha, e se alinha com o WIN Brasil e demais signatários na implementação do seu Plano de ação. Assim, anunciamos, aqui, a nossa adesão”, declarou.
Jéssica Arruda, geóloga de exploração mineral do Brownfield da Nexa, acredita que este tipo de debate é uma excelente oportunidade para unir forças entre as empresas na intenção de gerar mais pluralidade para as empresas. “A união é fundamental para traçarmos um bom diagnóstico do setor como um todo e unir forças em prol de melhores e maiores resultados”, analisou.
O painel foi moderado por Marina Antwarg, gerente de Aquisição de Talentos da Mosaic Fertilizantes.