A China, que lidera a produção global de aço, sente os efeitos do vírus que se espalha rapidamente e que afeta a mão de obra, logística e demanda em todo o país.
“O impacto humano tem implicações logísticas significativas para transações e movimentos físicos em toda a cadeia de valor do aço na China”, disse Andrew Glass, fundador da Avatar Commodities e ex-diretor de trading financeiro de minério de ferro na Anglo American.
Na quarta-feira, a Toyota Motor disse que irá suspender as operações na China até 9 de fevereiro, mais uma na crescente lista de empresas globais que reduziram atividades na China devido ao novo coronavírus.
Tangshan, principal centro siderúrgico, suspendeu o transporte público a partir de terça-feira sem data definida para a retomada dos serviços -, sinalizando que o governo pode tomar medidas mais rigorosas em todo o país com o objetivo de conter a propagação do vírus que já matou mais de 130 pessoas.
Entre outras medidas recentes, a China estendeu o intervalo do Ano Novo Lunar: uma medida que deve afetar o fluxo de trabalhadores, logística de transporte e adiar o reinício das atividades fabris e de construção.
“Esperamos uma queda da demanda por aço no curto prazo”, disse Rohan Kendall, analista-chefe de custos globais de minério de ferro e aço da Wood Mackenzie.
Em entrevista por telefone, ele destacou como fatores o maior volume sazonal de estoques de aço e atraso no reinício das obras de construção no país, que responde por metade da produção mundial.
No entanto, no médio prazo, “nem tudo é negativo”, já que potenciais medidas de estímulo do governo no segundo semestre para combater o impacto econômico do vírus podem aumentar a demanda por aço, disse.
E qualquer redução na produção deve ser “menos severa do que se teme atualmente” por causa dos custos envolvidos no corte da oferta, segundo Kendall.
Nas usinas, qualquer problema de mão de obra e logística desperta preocupações sobre a produção. Embora as siderúrgicas tenham algumas semanas de estoque de matérias-primas, as empresas podem decidir ajustar planos de produção caso ocorram problemas de logística por mais de duas semanas, de acordo com Andrew Gadd, analista sênior do CRU Group.
“A duração e a extensão do impacto são extremamente difíceis de prever nesta fase devido às incertezas sobre a condução da epidemia”, disse Gadd. “Espera-se volatilidade dos preços, e estaremos atentos ao fluxo de notícias.”
Fonte: Money Times