Por Juliana Siqueira | Fonte: Diário do Comércio
Em um cenário de crise sanitária na Europa, a China continuará tendo um papel muito importante na demanda por minério de ferro brasileiro, conforme destacou em coletiva de imprensa ontem o presidente do conselho diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Wilson Brumer. As expectativas, relatou ele, são de que o setor permaneça aquecido no ano que vem, muito puxado pelo país asiático, com preços que girem em torno de US$ 90 a US$ 110 por tonelada.
O encontro virtual foi realizado durante a Exposibram 2020 – Expo & Congresso Brasileiro de Mineração, que encerrou ontem os seus três dias de programação, feita de forma totalmente remota, a partir de Belém (PA). Entre os números do evento, destacam-se 33 painéis, 31 palestras técnicas, 183 palestrantes, 460 fornecedores e 250 rodadas de negócios.
Sobre a China, Brumer salientou uma economia que vem mostrando sinais relevantes. “O valor de investimento imobiliário na China, durante o período de janeiro a outubro deste ano, aumentou cerca de 6,3% em relação ao mesmo período do ano passado, o que leva a um consumo maior de aço”, disse ele.
Com a demanda elevada, explicou, os estoques de aço têm caído, e a demanda da siderurgia tem feito com que se exporte mais minério. Do lado do Brasil, a retomada da Samarco, frisou, contribuirá para que a produção do item se eleve ainda mais.
Diante de todo esse cenário, segundo Brumer, estão mantidas as expectativas da Compensação Financeira pela Exploração Mineral (Cfem) para 2020 em R$ 5 bilhões, contra cerca de R$ 4,5 bilhões no ano passado.
Área de fronteira – Durante a coletiva de imprensa, Brumer também ressaltou a importância de se discutir a questão das áreas de fronteira e chamou a atenção para o fato de que se as restrições não forem alteradas, dificilmente haverá atratividade para esses locais.
Ele lembrou, por exemplo, que hoje, de acordo com a legislação de 1979, para haver alguma atividade em área de fronteira, 51% do capital precisa pertencer a brasileiros, dois terços dos trabalhadores têm de ser brasileiros, entre outras exigências.
Sustentabilidade – A sustentabilidade e o futuro das empresas de mineração no que diz respeito ao cuidado com o planeta também foram muito mencionados.
Brumer lembrou dos compromissos assumidos para o aprimoramento de vários aspectos, como a segurança operacional de barragens e estruturas de rejeitos, a mitigação dos impactos ambientais, inovação, diversidade e inclusão, gestão de resíduos, entre outras questões.
No que diz respeito à segurança operacional, por exemplo, Brumer destacou que o setor vem fazendo fortes investimentos nesse segmento.
“Estamos aprofundando, definindo parâmetros, promovendo parcerias com várias instituições para compartilhamento de conhecimento. Temos, ao mesmo tempo, não só cumprido as demandas legais, mas há já exemplos de coisas que estão sendo feitas”, afirmou.
Nesse sentido, ele destacou a região do quadrilátero ferrífero. “As várias empresas que têm ainda barragens estão em processo de descaracterização dessas barragens, com investimentos bastante expressivos”, disse.
Diretor-presidente do Ibram, Flávio Penido lembrou a importância de ações junto às comunidades, inclusive no que diz respeito à diversificação econômica.
“Tivemos, durante a Exposibram, discussões sobre o desenvolvimento territorial, projetos para gerar emprego e renda de tal forma que haja uma diversificação econômica nos municípios onde as mineradoras estão, já preparando esses municípios para quando houver a exaustão das minas, das jazidas. E preparando também junto com a comunidade local qual seria a melhor solução, o que a comunidade deseja para que a gente esteja preparado e preparando as comunidades para esse fato”, disse ele.
Penido ainda falou do interesse de desenvolver a rede de fornecedores locais, “de tal forma que motive a economia local e traga também o melhor desempenho para a comunidade”, salientou.
Fonte: Diário do Comércio