A CSN deve executar em 2021 planos que gestava há pelo menos uma década e que devem acelerar a redução de dívida da companhia, no momento em que aposta que a recuperação da economia brasileira deverá se manter nos próximos anos, apesar das incertezas trazidas pela pandemia de coronavírus.
A companhia pretende levar ao mercado em janeiro a oferta inicial de ações de unidade de mineração e criar nas próximas semanas uma subsidiária para abarcar suas operações de produção de cimento, de olho em um possível IPO dessa atividade ainda no primeiro semestre do próximo ano, disseram executivos da CSN em reunião online com analistas e investidores ontem (10).
“Temos oportunidade real de colocar o IPO da mineração no mercado na primeira semana de janeiro”, disse o presidente-executivo da CSN, Benjamin Steinbruch. “Os números do quarto trimestre são muito melhores que os do terceiro trimestre. Realmente é determinação nossa fazer o IPO de Casa de Pedra o mais rapidamente possível”, afirmou o executivo, referindo-se à principal mina de minério de ferro da companhia.
A CSN pediu registro para IPO de sua unidade de mineração em outubro. Onze instituições financeiras vão coordenar a oferta que pode avaliar a CSN Mineração em R$ 30 bilhões, segundo calcularam analistas do Itaú BBA em agosto.
A ação da CSN disparava nesta quinta, avançando mais de 9% às 14h15, em meio melhores projeções de endividamento e de crescimento da companhia nos próximos anos, além de comentários de executivos sobre reajustes de preços de aço.
Na conferência online, o diretor comercial da CSN, Luis Fernando Martinez, afirmou que a empresa “praticamente concluiu” a negociação para aumento de preços de aço a ser vendido às montadoras de veículos e seus fornecedores em 2021. Segundo ele, os índices de aumento são de 30% a 35% no caso de aços laminados zincados e de 40% a 45% no caso de laminados a quente.
Além disso, Martinez afirmou que a carteira de pedidos de aço da CSN atingiu 1,2 milhão de toneladas, suficiente para quatro meses de entregas aos clientes. Ele estimou que o mercado de aços planos do Brasil em 2021 vai crescer 8,4% e que a CSN pretende elevar suas vendas em 12%. Já a expectativa para longos é de alta de 6%, em meio ao que ele classificou como início de “novo ciclo imobiliário” no país.
Na frente de cimentos, o executivo disse que a previsão é de expansão do mercado em 6,6% no próximo ano, mesmo com a retirada do auxílio emergencial do governo. Além disso, ele comentou que o mercado nacional fragmentado traz oportunidades de aquisição, algo que pode eventualmente mudar os rumos do IPO desta área.
Os planos da companhia incluem elevar a capacidade de produção de cimento da CSN de 4,7 milhões para 13,3 milhões de toneladas por ano, com novas fábricas no Norte (1,8 milhão de toneladas), Nordeste (2,8 milhões) e Sul (2,8 milhões), acima das 10 milhões de toneladas que a empresa chegou a projetar em 2010. Com este volume, a CSN seria a terceira maior produtora de cimento do país em capacidade, atrás de Votorantim e Intercement e à frente de LafargeHolcim.
“O Brasil está em posição muito favorecida, apesar das dificuldades de entendimento entre Executivo e Legislativo”, disse Steinbruch. “O bom senso vai prevalecer, respeito à parte fiscal vai ser implementado e a gente vai poder demonstrar confiança para o mercado externo e parte grande do excesso de liquidez lá fora será alocada para o Brasil”, acrescentou.
Fonte: Reuters