terça-feira, 5 de novembro de 2024
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    Corrida por estanho na Indonésia esgota jazidas na terra e leva mineradores ao mar

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    Valorização do minério, usado em embalagem de alimentos e eletrônicos, incentiva busca por reservas

    Da ilha de Bangka, na Indonésia, mineradores vão de barco todos os dias a dezenas de plataformas de madeira sustentadas por
    embarcações, construídas precariamente e espalhadas ao largo da costa. Nesses locais — os chamados pontões —, eles escavam o leito do mar em busca da lucrativa reserva de estanho.

    A Indonésia é a maior exportadora mundial do minério, que é usado em todo tipo de produtos – da embalagem de alimentos a eletrônicos, além das novas tecnologias verdes.

    As jazidas de estanho nas terras da ilha foram bastante exploradas, deixando partes do local parecendo uma paisagem lunar, com grandes crateras e lagos ácidos de água azul turquesa. É por isso que agora os mineradores buscam o minério no mar.

    “Na terra, nossa renda está diminuindo”, disse Hendra, 51, que começou a trabalhar em mineração de estanho no mar há um ano, depois de uma década no ramo. “No oceano, há muito mais reservas.”

    Muitas vezes agrupados em torno de veios de estanho submarinos, os pontões precários emitem fumaça escura dos geradores diesel usados para acionar o equipamento. O ronco deles é tão alto que os trabalhadores se comunicam por gestos.

    Hendra, que como muitos indonésios não tem um sobrenome, controla seis pontões, cada qual operado por quatro trabalhadores e dotado de canos que podem chegar aos 20 metros de comprimento para sugar areia do leito do oceano.

    Como dezenas de mineradores artesanais, Hendra trabalha em parceria com as companhia estatal PT Timah a fim de explorar suas concessões de minérios.

    Eles recebem entre 70 mil e 80 mil rúpias (algo em torno de R$ 24 a R$ 28) por quilo de areia extraído, e um pontão produz tipicamente cerca de 50 quilos ao dia, diz Hendra.

    A PT Timah vem ampliando sua produção de minério extraído do mar. Dados da companhia mostram que sua reserva comprovada de estanho em terra era de 16,3 mil toneladas no ano passado, ante as 265,9 mil toneladas no mar.

    A ampla expansão intensificou, de 2014 para cá, as tensões com os pescadores, que dizem ter sofrido queda em seus resultados devido à interferência cada vez maior da mineração em suas áreas de pesca.

    O pescador Apriadi Anwar disse que antigamente sua família faturava o suficiente para que seus dois irmãos mais novos fossem à universidade, mas que nos últimos anos eles mal estão conseguindo sobreviver.

    “Nem estou falando de ir à universidade. Hoje em dia está difícil até comprar comida”, disse Apriadi, 45, que vive na aldeia de Batu Perahu.

    Apriadi diz que as redes de pesca se engancham no equipamento de mineração marítima, e que a exploração do leito do mar poluiu águas antes
    intocadas.

    “Os peixes estão se tornando escassos porque o coral onde eles desovam agora está coberto de lodo gerado pela mineração, afirmou.

    A organização ecológica indonésia Walhi vem conduzindo campanhas para deter a mineração no mar, especialmente na costa leste de Bangka, onde os manguezais são relativamente bem preservados.

    “Os manguezais são uma fortaleza ecológica na área costeira”, disse Jessix Amundian, diretor-executivo da Walhi Bangka Belitung.

    As autoridades reprimem a indústria do estanho ocasionalmente (principalmente se a mineração for ilegal). Hoje, as terras de reserva de
    estanho que restam na ilha, na maioria das vezes, são de difícil acesso ou requerem maquinaria pesada para exploração.

    Apesar desses entraves, a alta no preço do estanho se tornou um incentivo para que a corrida pelo minério se mantenha na região.

    Fonte: Reuters

    Veja abaixo várias fotos da Indonésia.

     

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