domingo, 22 de dezembro de 2024
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    Como o estado brasileiro da Bahia está se tornando um centro de mineração

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    O estado da Bahia, no nordeste do Brasil, está vendo uma expansão constante da indústria de mineração e o início de uma importante linha ferroviária em 2026 provavelmente impulsionará ainda mais o setor.

    Espera-se que a Bahia atraia investimentos de mineração de R$ 70 bilhões (US$ 13,7 bilhões) até 2025, consolidando sua posição como o terceiro maior estado minerador do Brasil.

    Antônio Carlos Marcial Tramm, presidente da empresa baiana de pesquisa mineral CBPM, conversa com sobre o cenário atual e as expectativas para o futuro.

    Entrevistador: Qual é o cenário atual da mineração na Bahia?

    Tramm : Podemos dizer que a mineração está crescendo no estado.

    Há cerca de quatro anos éramos o quinto estado do Brasil em produção de mineração, agora somos o terceiro.

    Eu sei que estamos longe dos primeiros lugares, que são os estados do Pará e Minas Gerais, mas dado o trabalho que fazemos na exploração de mineração aqui através de uma estatal, que nenhum outro estado do Brasil faz, não é improvável [podemos apanhar].

    Nós realmente pensamos em alcançar posições de liderança no futuro.

    Entrevistador: O que faz você ter uma visão tão ambiciosa do posicionamento da Bahia em relação à mineração?

    Tramm: A Bahia é um estado grande em extensão territorial e possui uma diversidade mineral que talvez nenhuma outra região tenha.

    Hoje mapeei quase 50 minerais diferentes no estado.

    Temos um total de 417 municípios na Bahia, e mais de 200 municípios já possuem atividades de mineração.

    Entre 2022 e 2025, a Bahia receberá um total de R$ 70 bilhões em investimentos no setor de mineração. Em 2019 e 2020, foram investidos 600 milhões de reais na Bahia apenas em exploração. Este é um investimento no potencial de mineração do futuro.

    [Nota do Editor : A Bahia é o maior produtor brasileiro de barita, bentonita, cromo, diamante, magnesita, quartzo, sal e talco. Ocupa o segundo e terceiro lugar em níquel e cobre e é o único produtor de vanádio e urânio do país.]

    Entrevistador: Como está a logística do estado para atender a essa expectativa de crescimento da mineração?

    Tramm:  Temos um projeto muito importante em andamento, que é o programa de investimentos da Bamin [da mineradora de minério de ferro Bahia Mineração].

    Além do investimento que estão fazendo no minério, nas jazidas, há também os investimentos que estão fazendo na ferrovia FIOL e no Porto Sul [complexo portuário].

    A ferrovia FIOL deve começar a operar em 2026.

    Uma vez operacional, essa ferrovia reduzirá custos para as mineradoras e tornará os projetos mais atrativos. Atualmente, a Bamin transporta seus minerais entre a mina e o porto por caminhão, o que envolve altos custos.

    Além disso, a FIOL é uma ferrovia que também pode ser utilizada por outras empresas, o que ajudará a desenvolver não só a mineração no estado, mas também a agricultura.

    Por meio da extensão da ferrovia FIOL, já documentamos outras áreas com potencial para produção de minério de ferro e outros bens de mineração.

    Hoje a FIOL 1, que é o primeiro trecho da ferrovia, já está 78% concluída. Quando estiver operacional, as contribuições da CFEM pagas pela Bamin serão de cerca de 600 milhões de reais por ano para o estado.

    Outro elemento importante do desenvolvimento a ser gerado pela FIOL é que provavelmente veremos várias empresas interessadas em construir pequenas redes ferroviárias para conectar suas áreas de produção à FIOL. Isso acontecerá graças ao regime de autorização  [ferroviário] que existe hoje.

    Entrevistador: Diante dos esforços de exploração da CBPM, vocês planejam oferecer novas áreas este ano?

    Tramm: No ano passado realizamos licitações para exploração de sete áreas na Bahia. Somos o estado brasileiro com o melhor mapeamento geológico.

    Agora estamos usando areo-geofísica para o mapeamento, o que o torna ainda mais rápido.

    Para este ano pretendo realizar mais seis leilões de novas áreas, de minério de ferro e ouro, entre outros.

    Entrevistador: Recentemente o governo federal lançou um programa para reduzir a dependência do Brasil de fertilizantes importados . Como o setor de mineração na Bahia pode se beneficiar disso?

    Tramm: Temos áreas de fosfatados muito grandes aqui no estado, onde há um grande potencial de produção.

    Mas com relação a essas áreas de fosfato, eu preciso que a ANM [regulador de mineração do país] libere os processos para que possamos oferecer essas áreas.

    A empresa Galvani já tem uma produção significativa de fosfato aqui no estado, mas temos áreas com potencial para mais.

    O fosfato é apenas mais um elemento para mostrar o quão diversificada e potencial a mineração tem na Bahia.

    Na região da bacia do Recôncavo também temos potencial para a produção de potássio. É um processo de produção caro, mas tende a se tornar viável à medida que crescem os problemas com as importações.

    Há segmentos da mineração que são de importância para a segurança nacional, como a cadeia de fertilizantes, e isso precisa ver intensos esforços exploratórios também por parte do governo federal.

    Entrevistador: Em meio aos resultados positivos do setor de mineração desde o início da pandemia, vemos pressão por aumentos de impostos em alguns estados e também do congresso nacional. Há pressão na Bahia, de lideranças políticas, por impostos mais altos?

    Tramm:  Eu não noto essa pressão aqui.

    O que o estado da Bahia quer é atrair investimentos e produção. Com mais atividade, automaticamente haverá mais geração de impostos, sem que seja necessário aumentar a carga tributária.

    Precisamos de mais investimentos no setor, porque esse investimento traz desenvolvimento social. Não devemos penalizar as empresas que investem com mais impostos.

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