O desenvolvimento da mina de ouro e cobre de Panguna, oficialmente parte da Papua-Nova Guiné poderia brindar o apoio financeiro necessário para que se cumpra pôr fim ao sonho mais desejado das autoridades locais: criar seu próprio Estado.
Vários investidores já demonstraram interesse pelas jazidas da região, que tem suas reservas naturais estimadas em mais de US$ 60 milhões (R$ 252 milhões). Um destes investidores é John Kuhns, um escritor que um dia ocupou o cargo de banqueiro e diretor de uma fábrica chinesa de silício.
O interesse de Kuhns e outros empresários vai além de questões políticas, reflete o fato de que a mina de Bougainville não é em nenhum quesito uma jazida normal.
A Rio Tinto operou em Panguna durante 17 anos através da subsidiária Bougainville Copper, mas a gigante industrial acabou fechando em 1989. Sua saída do mercado coincidiu com protestos locais que se estenderam pela ilha para exigir maiores recompensas financeiras da indústria de minérios para as comunidades locais. Os tumultos finalmente desembocaram em uma guerra civil que acabou com a vida de 20 mil pessoas.
Desde então, a mina permaneceu em um estado de limbo. Porém, esta situação pode mudar em breve: a Região Autônoma de Bougainville começou a preparar o caminho para sua independência da Papua-Nova Guiné após o referendo em que a maioria absoluta dos habitantes votou pela soberania plena.
A ferramenta perfeita para manter um Estado independente
Raymond Masono, vice-presidente e ministro dos Recursos Minerais e Energia de Bougainville, comunicou que as autoridades locais não negociarão com investidores sobre Panguna até que não se levante a moratória imposta à implementação de trabalhos nessa mina.
Não obstante, o futuro desenvolvimento da mina pode ajudar as autoridades a reunir a verba necessária para poder financiar um Estado independente. Muitos esperam que as riquezas minerais sejam capazes de reduzir finalmente a pobreza na região onde vivem ao menos 300 mil pessoas. O PIB por habitante é de somente US$ 1.000 (R$ 4,19 mil).
O futuro bem-estar da ilha dependerá não somente do restabelecimento do desenvolvimento de Panguna. Também da capacidade do governo local de assegurar que os recursos serão utilizados de forma eficiente, conclui o jornalista Aaron Clark em artigo para a Bloomberg.
Fonte: Sputnik