terça-feira, 5 de novembro de 2024
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    COMO A EXPLORAÇÃO DE OURO NO BRASIL COMEÇOU EM SÃO PAULO?

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    No século XVIII, o Brasil se tornou o polo central para aqueles que buscavam fazer fortuna na escavação de ouro e diamantes em Minas Gerais. Estima-se que foi despachado para Portugal cerca de 530 toneladas do minério até 1817, no valor de 54 milhões de libras esterlinas na época. No mesmo ano, foram contrabandeados até 150 mil quilos de ouro.

    Quem queria fazer fortuna rumava direto para Minas Gerais nos anos de 1700. Entretanto, não foi pelo interior do país que descobriram as primeiras minas de ouro, mas sim na região de São Paulo, no Pico do Jaraguá, uma serra com 1.135 metros de altitude, considerada o ponto mais alto da cidade.

    Nos arredores do local, foi criado o Parque Estadual do Jaraguá, que atrai visitantes de todo o Brasil para admirar a beleza da natureza. Porém, no século XVI, o local foi ponto de encontro de exploradores que buscavam o brilho do minério nos paredões íngremes.

    O começo de tudo

    (Wikipedia/Reprodução)(Wikipedia/Reprodução)

    Com a fundação de São Vicente, em 1532, cartas enviadas à Coroa pelos portugueses e jesuítas já falavam sobre as itaberabas (“pedras que brilham”, em tupi) trazidas pelos indígenas da Mutinga, local próximo ao Morro do Jaraguá em São Paulo.

    Em 1562, Brás Cubas, fundador da vila de Santos, citou a possível existência de ouro no vilarejo de Piratininga, a cerca de 30 léguas do litoral. Acredita-se que os primeiros exploradores de ouro do Jaraguá foram os portugueses Afonso Sardinha, o Velho, e seu filho Afonso Sardinha, o Moço.

    Por volta de 1580, eles começaram a explorar as jazidas nos arredores de São Paulo e da Serra da Mantiqueira.

    (Fonte: Volto Logo/Reprodução)

    (Fonte: Volto Logo/Reprodução)

    Em 1694, Clemente Álvares, sertanista, informou à Câmara da Vila de São Paulo que explorava ouro nas regiões do Jaraguá e da Cantareira desde 1592. No século XVI, toda a região do Jaraguá era constituída por pequenos arraiais de mineração, em povoados que funcionavam como minúsculas cidades onde a economia era em torno do ouro.

    Desse modo, foi a abundância do minério descoberto naquela região da zona norte paulistana que teria motivado as expedições futuras que adentraram no então denominado “sertão”, com cobiçadores revirando os aluviões e contrafortes de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais.

    Riquezas profundas

    (Fonte: Quero Bolsa/Reprodução)(Fonte: Quero Bolsa/Reprodução)

    No livro de Goulart Reis, As Minas de Ouro e a Formação das Capitanias do Sul, foi feito um levantamento de mais de 150 minas de ouro descobertas a partir de meados do século XVI, situadas entre São Paulo e o norte de Santa Catarina.

    Em outros pontos da capital paulistana, como em Ribeirão das Lavras, onde séculos depois foi erguido o Aeroporto Internacional de Guarulhos, funcionou um garimpo até meados de 1800.

    No final do século XVII, já havia três casas de fundição nas capitanias do sul: em São Paulo, Iguape e Paranaguá, fundadas pela Coroa portuguesa e responsáveis pela cobrança dos impostos — que foi motivo de revolta durante as explorações no interior do Brasil.

    (Fonte: Pinterest/Reprodução)(Fonte: Pinterest/Reprodução)

    Entre 1600 e 1820, só de terras paulistas estima-se que foram extraídas mais de 4 mil arrobas de ouro — o que é considerado bem pouco em comparação ao que foi produzido no interior. Contudo, segundo o arqueólogo Paulo Zanettini, acredita-se que muito foi explorado de maneira ilegal, fugindo das taxas da coroa e também dos registros oficiais.

    Para pesquisadores, como Carlos Cornejo, ainda há chance de encontrar ouro na Grande São Paulo, visto que as minas não foram totalmente exauridas. “Na época, o ouro era mal explorado, de maneira superficial e rudimentar. O subsolo paulista, com certeza, ainda é rico”, disse Cornejo em entrevista à BBC Brasil.

    E, apesar de ter existido alguma atividade mineradora no Jaraguá e outras regiões de São Paulo, como Itapecerica da Serra, até meados da década de 1950, Reis ressalta que isso não deve despertar a cobiça de eventuais exploradores que resolverem abrir buracos no quintal das próprias casas.

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