O enfraquecimento da procura mundial deixará a sua marca na evolução do preço das matérias-primas em 2020, sendo que a China já alcançou o nível de consumo ‘per capita’ de metais das economias avançadas, segundo o mais recente relatório da seguradora Crédito y Caución (CyC), divulgado esta segunda-feira, dia 16 de dezembro.
Nos últimos 20 anos, a participação da China no consumo mundial de metais aumentou de 10% para 50%, com um crescimento do consumo muito superior ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mas para manter o crescimento da procura mundial, outras economias emergentes deveriam ganhar maior peso. “Não estamos a ver isso a acontecer. Um país de rápido crescimento como a Índia tem um crescimento do consumo de metais igual ao crescimento do PIB per capita. A procura mundial de ‘commodities’ está agora mais alinhada com o crescimento do PIB”, afirmam os analistas da companhia de seguros.
O enfraquecimento dos preços caracteriza o quadro geral das matérias-primas, mas a CyC ressalva algumas exceções. Uma delas é o níquel, com um aumento de preços de quase 70% desde o início do ano. Este mineral é usado em baterias para carros elétricos, cuja procura deve ser estimulada à medida que a transição energética progrida. Acresce que a Indonésia proibiu as exportações a partir de 2020, o que contribuiu para a explosão de preços.
Os preços de outros produtos básicos também estão sob pressão. O alumínio ou o cobre, usados em produtos cada vez mais populares e sustentáveis, como os carros elétricos, dá algum suporte aos preços. Mesmo assim, o preço caiu em 2019 devido à ampla disponibilidade desta matéria-prima. Os preços do zinco ainda estão sob maior pressão: caíram 12% em 2019, devido à fraqueza dos setores da Construção e Automóvel. Isto porque houve investimentos recentes que aumentaram a capacidade de produção, o que resultou num certo excesso de oferta.
O mercado de aço está a passar por uma evolução estrutural. Os preços caíram mais de 13% em todo o mundo, à medida que a produção mundial cresceu (5%), impulsionada pela China (9%) e pelos Estados Unidos (6%), sem uma correspondência clara com a procura. Atualmente, o excesso de capacidade no mercado de aço, de acordo com as estimativas mais fiáveis, é de 24%.
Fonte: Jornal Económico