A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) registrou R$ 263 milhões de prejuízo líquido no terceiro trimestre de 2023, o que representa uma reversão do lucro apurado no mesmo período de 2022, de R$ 100 milhões. As perdas foram sequencialmente maiores ante os três meses imediatamente anteriores, quando a empresa registrou prejuízo de R$ 50 milhões. As informações são do release de resultados da CBA, publicado na noite desta quarta-feira, 8.
A margem Ebitda ficou em 2%, uma variação negativa de 2 pontos porcentuais ante o trimestre anterior. O valor também é menor na comparação com o apurado no terceiro trimestre de 2022, em 15%.
Quanto à receita líquida, a empresa somou R$ R$ 1,863 bilhão, 17% menor na comparação anual e 11,8% superior ante o segundo trimestre.
A alavancagem da CBA, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, atingiu o maior patamar desde o IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), em 9,71 vezes. O valor cresceu substancialmente na comparação com o segundo trimestre, de 3,88 vezes, e está acima da política estabelecida pela empresa, em 2 vezes.
A dívida líquida da CBA aumentou para R$ 2,983 bilhões no período, ante R$ 2,296 bilhões no segundo trimestre. O prazo médio da dívida foi alongado para 5,1 anos, maior na comparação com os 4,25 anos apurados ao final de junho.
A posição de caixa da CBA em setembro foi de R$ 1,828 bilhão. Deste total, R$ 1,327 bilhão é referente aos recursos disponíveis da companhia e R$ 522 milhões referem-se a uma linha de crédito rotativo, que representa uma fonte adicional de liquidez.
Aumento de capital
Em entrevista concedida ao Broadcast, a diretora Financeira e de Relações com Investidores da CBA, Camila Silva, anunciou a intenção da empresa em realizar um aumento de capital por meio de uma subscrição privada.
Diferente do follow-on (oferta subsequente de ações), a subscrição privada favorece os acionistas, pois permite que eles não tenham a sua participação societária diluída em razão do aumento de capital. Na hipótese do acionista não optar pela compra dos novos papéis, eles poderão ser negociados no mercado de forma livre.
O objetivo da CBA é levantar até R$ 206 milhões em recursos, que vão ajudar a reforçar o caixa da empresa e preservar a estrutura de capital. Segundo Camila, o movimento conta com o apoio da Votorantim, acionista controladora, que detém aproximadamente 68% de participação. As ações adicionais serão oferecidas com um deságio de 10%.
“A oferta será no mesmo valor dos dividendos que vamos precisar pagar este ano de R$ 206 milhões, então não estamos aumentando capital com intenção de atrair valores além disso. É uma alternativa ao pagamento de dividendos para os acionistas que concordarem”, afirmou Camila.
A executiva avaliou que, considerando as perspectivas da empresa e múltiplos atrativos, a proposta é atrativa aos acionistas minoritários.
O presidente da CBA, Luciano Alves, acrescentou que, conforme a Votorantim já sinalizou o interesse em acompanhar a subscrição, então a empresa já deve conseguir captar ao menos R$ 140 milhões.
Questionada se a CBA poderá realizar novas emissões no futuro, Camila afirmou que não há necessidade para um novo levantamento de capital, visto que a empresa já realiza uma série de iniciativas com foco na melhoria da eficiência operacional e gestão da dívida. Segundo a executiva, as atividades que estão em curso garantem uma posição segura para a companhia.
Plano de recuperação
Já em curso desde o início do ano, a CBA anunciou que possui um plano de recuperação financeiro e operacional. A operacionalização do plano acontece em meio ao aumento da alavancagem da companhia para o seu maior patamar já registrado ao menos desde a sua listagem na Bolsa brasileira.
A execução do plano já traz perspectivas positivas para 2024, segundo a empresa. Uma das frentes que são realizadas pela CBA ocorre por meio de desinvestimentos. Um deles é em capital de giro, com a liberação de estoques da companhia. Há ainda outras iniciativas como a venda de ativos não operacionais, como imóveis, em linha com o que a companhia já anunciou ao mercado.
Outra frente do plano de recuperação acontece por meio da melhoria de indicadores de desempenho da CBA, destacou o presidente da companhia. “Considerando uma perspectiva de melhora do mercado, ao mesmo tempo em que estamos trabalhando dentro de casa para melhorar a nossa rentabilidade, esperamos uma redução da alavancagem”, afirmou Alves.
O executivo destacou que a alta registrada na alavancagem aconteceu em função dos resultados recentes de Ebitda. O indicador foi afetado negativamente por dois fatores: de um lado houve uma piora no ambiente de mercado que impactou todo o setor, e em segundo lugar, a CBA tinha registrado no início do ano uma instabilidade operacional das salas fornos, problema que foi superado em junho.
Vendas
Com a recuperação das salas fornos, Camila afirmou que a empresa já verificou uma melhora no seu desempenho de produção e vendas. A executiva vê ainda uma tendência de redução nos custos para os próximos trimestres.
A CBA registrou 119 mil toneladas em vendas totais de alumínio no terceiro trimestre do ano, o volume representa um aumento de 12% na comparação com os três meses imediatamente anteriores. Na comparação com o mesmo intervalo de 2022, contudo, houve 8% de retração. A redução na base anual ocorreu devido à menor demanda do segmento de reformas residenciais.
Considerando as vendas por perfil de produto, as comercializações de alumínio primário registraram 67 mil toneladas, valor 3% maior ante um ano e 26% maior sequencialmente. O segmento de transformados, por sua vez, apurou 31 mil toneladas em vendas, o que mostra um recuo de 7% no intervalo anual e 3% de avanço ante o trimestre anterior.
As vendas de alumínio reciclado totalizaram 20 mil toneladas, valor 34% menor na comparação anual e 9% inferior no intervalo trimestral.
FONTE: ESTADÃO