quinta-feira, 21 de novembro de 2024
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    CBA promove relação sustentável entre mineração, meio ambiente e agricultura na Zona da Mata mineira

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    Depois de minerada, a área de extração da bauxita é totalmente reabilitada e fica em condições até melhores do que as originais.

    Qual é a relação entre um café mineiro e uma embalagem de leite longa vida? Há a possibilidade de ambos terem sido produzidos a partir da mesma terra. Isso porque existe um processo de reabilitação das áreas de onde é extraída a bauxita, minério de origem do alumínio, que promove sustentabilidade no extrativismo e qualifica o solo minerado para plantio. Não apenas isso. É possível recuperar o mesmo local com café, pastagem, eucalipto e até com mata nativa, o que traz benefícios não somente ao meio ambiente, mas principalmente ao pequeno produtor rural.

    O processo de mineração, no geral, requer cuidados em todas as suas etapas. Considerando a característica geográfica, a ocupação do solo, a extensão da lavra, a tecnologia aplicada e o minério extraído, será sempre necessária a atuação para mitigar e compensar os impactos socioambientais do local.

    No caso da bauxita, em Minas Gerais, as minas são desenvolvidas de forma rápida, pontual, superficial, temporária e progressiva, com menor impacto ao meio físico, diferindo de outros tipos de mineração. A lavra de bauxita – ou o conjunto das operações mineiras – vai mudando de uma propriedade para outra, e a atividade ocorre, em média, de um a cinco meses em cada propriedade.

    Depois desse período, inicia-se o processo de reabilitação ambiental na área que foi minerada, e em três a cinco anos a porção da propriedade rural já tem suas atividades reestabelecidas com as culturas dominantes na região, como café, eucalipto e pastagem. Outra alternativa para a recuperação dessas áreas é a utilização de espécies nativas da Mata Atlântica, principalmente nos projetos de compensação ambiental. Nesses casos, o trabalho também pode levar de três a cinco anos.

    De acordo com a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), em seu livro Iniciação ao Desenvolvimento Sustentável, a possibilidade da área retornar à atividade produtiva na região anula os impactos negativos sobre o meio socioeconômico, permitindo a atividade de mineração sem interferir na vocação do meio rural.

    Sendo assim, com sua atuação e suas iniciativas socioambientais, a CBA contribui para a evolução da qualidade ambiental das propriedades rurais e, por consequência, da região.

    Extraindo a bauxita e recuperando o solo

    O termo bauxita é derivado da região de Les Baux-de-Provence, da França, onde foi encontrada pela primeira vez, em 1821, pelo geólogo Pierre Berthier. O minério é caracterizado como uma rocha sedimentar de cor avermelhada composta de hidróxido de alumínio e impurezas, como dióxido de silício e óxido de ferro. Ele é encontrado na natureza, envolto em uma matriz argilosa.

    Antes de iniciar a mineração da bauxita, é realizada uma pesquisa mineral para reconhecer as áreas onde ela está presente. Após a sondagem e as análises, é possível desenvolver o projeto das minas e iniciar o processo de licenciamento ambiental. De posse das licenças, é feito o contato com os proprietários rurais para o estabelecimento de um contrato de servidão minerária da porção a ser minerada. A negociação considera a produtividade da cultura e a renda do produtor no período, além da compensação monetária pela atividade de mineração.

    Resumidamente, o processo de mineração da CBA na Zona da Mata expõe a bauxita, retirando a cobertura de solo rico e reservando-o para a etapa de reabilitação. A camada de minério superficial é então extraída com o uso de escavadeiras, a área minerada é reconformada e aerada, são implantados sistemas de drenagens, e o solo rico em matéria orgânica é retornado com adição de adubação mineral e orgânica, permitindo a realização do plantio de culturas ou espécies nativas. Em seguida, a área é estabilizada, com monitoramento ambiental continuado até a entrega para o produtor rural, já em produção.

    Reabilitação do solo

    A Companhia Brasileira de Alumínio (CBA) há 13 anos realiza pesquisa e desenvolvimento continuado, em conjunto com a Universidade Federal de Viçosa (UFV), com objetivo de aprimorar os processos de reabilitação ambiental, restauração florestal e conservação hídrica. Esse trabalho, além de disponibilizar para o setor e a sociedade novas técnicas de reabilitação, promove a melhoria contínua das práticas da Companhia. O desenvolvimento acontece em campo, em áreas experimentais que já foram mineradas.

    Essa parceria tem propiciado inovações e resultados consistentes, principalmente para o aumento da produtividade no campo. Um exemplo de ineditismo das pesquisas foi o desenvolvimento da técnica de reabilitação ambiental com plantio de café, nunca antes realizada no mundo. Esse foi o primeiro desafio da parceria, iniciada em 2008.

    “Uma importante renda dos produtores rurais da Zona da Mata é o café. Nossa melhor tecnologia para o plantio e a condução de lavoura de café em área minerada experimental com adubação orgânica e mineral rendeu 46 sacas de café por hectare, quase o dobro do que era produzido anteriormente, provando que uma área reabilitada não só volta a dar frutos, mas produz mais e com maior conservação do solo e da água”, conta Ivo Ribeiro, engenheiro agrônomo especialista em solos e professor da UFV.

    Ele explica que, sem a camada de bauxita, a terra fica melhor, pois foi feito um trabalho de descompactação e correção profunda no perfil do solo, o que favorece a descida de raízes e, principalmente, a infiltração de água. “Também são usadas plantas de cobertura para agregar o solo e evitar a erosão, como leguminosas e até mesmo uma braquiária mais adequada para esse propósito. Até o primeiro ano após o plantio, a muda de café é pequena e cresce lentamente, o que deixa o solo descoberto e predisposto ao processo erosivo. Então, as plantas de cobertura, que crescem mais rápido e são plantadas nas entrelinhas do café, ajudam nesse processo. As perdas de água e solo são reduzidas em cerca de 90% em comparação ao solo sem a aplicação desse recurso”, diz o professor Ivo Ribeiro.

    Outro uso comum das áreas mineradas após a extração de bauxita é a pastagem, que contempla 70% do território minerado. Durante a reabilitação das áreas com pastagens adequadamente implantadas utilizando tecnologias geradas localmente, o capim cresce mais forte e é possível alimentar mais do que o dobro das cabeças de gado se comparado à pastagem antes da mineração. Isso também valoriza a terra na região, aumentando o valor da propriedade no caso de eventual venda.

    “No plantio de eucalipto, o resultado nas áreas experimentais também é muito positivo, chegando a uma produtividade de 40 m3/ha/ano sete anos depois do plantio das mudas, bem mais do que os 25 m3/ha/ano de antes da mineração. E estamos conseguindo replicar esse desempenho nas terras dos produtores rurais”, explica Sebastião Venâncio Martins, coordenador do Laboratório de Restauração Florestal (LARF) e professor titular do Departamento de Engenharia Florestal da UFV.

    Bom para o produtor rural

    Gilmar Briguente, 63 anos, mora com a esposa e dois filhos em um terreno de mais ou menos 18 hectares, herdado do pai, em São Sebastião da Vargem Alegre (MG). Lá, eles plantam café, produzem leite, têm um açude para criação de peixes e uma área de pasto de gado de corte.

    Há cinco anos, ele soube da possibilidade de mineração em suas terras, viu algumas experiências bem-sucedidas de seus vizinhos e firmou um contrato de servidão minerária com a CBA de uma pequena área de cerca de 1,5 hectare, para extração da bauxita.

    “Faz um ano que eles me devolveram a terra em ótimo estado, coberta com braquiária verdinha para pastagem. Valeu a pena a concessão para mineração, pois recebi um bom valor pelo uso, não tive problema algum enquanto estiveram aqui e hoje tenho 15 cabeças de gado pastando no terreno”, conta.

    Restauração florestal

    Outra frente de reabilitação acontece com plantio de espécies nativas de Mata Atlântica em áreas mineradas e em projetos de compensação ambiental. A restauração florestal vem sendo monitorada pelos técnicos da CBA e os pesquisadores da UFV, que têm observado um ótimo desenvolvimento das espécies arbóreas e diversidade até maior do que em fragmentos florestais da região, além da presença da fauna silvestre.

    “Temos monitorado com câmeras várias espécies de animais silvestres nas áreas mineradas e restauradas e constatado grande diversidade de árvores nativas. Esses dados revelam o sucesso da restauração florestal promovida pela CBA nesses locais. Tudo isso aponta para a sustentabilidade ambiental desse modelo de mineração de bauxita”, diz o professor Venâncio.

    Christian Fonseca de Andrade, gerente das unidades da CBA na Zona da Mata, diz que a busca pela melhoria contínua e o investimento em inovação tecnológica estão alinhados ao compromisso de ter uma mineração sustentável em sintonia com o campo. “Além do desenvolvimento tecnológico dos processos de reabilitação, possibilitamos aos estudantes, pesquisadores e professores da universidade a interação direta com a indústria e o homem do campo. Isso permite a total aplicabilidade dos estudos e a oportunidade de vivenciarem a transformação do meio rural pela ciência, beneficiando, principalmente, o pequeno produtor. É a CBA demonstrando que é possível conciliar a mineração, a melhoria ambiental e o aumento da produtividade agrícola”, afirma.

    Alumínio versátil

    Para produzir o alumínio, a bauxita é moída e incorporada a outros elementos até se tornar pastosa e densa. Essa pasta é misturada com soda cáustica a 150ºC e passa por decantação, filtragem, precipitação e calcinação para se transformar em alumina, ou óxido de alumínio, que, levada ao forno, e após eletrólise, torna-se alumínio líquido.

    Depois de fundido, o líquido volta a ser sólido e esse alumínio chamado primário é moldado nos formatos de lingotes, tarugos, placas e vergalhões e transformado em chapas, bobinas, folhas e perfis extrudados, usados por vários segmentos da indústria na fabricação de diferentes produtos.

    O alumínio está presente no dia a dia de todas as pessoas, em embalagens de alimentos, cartelas de remédios, luminárias, aparelho celular, computador, ar condicionado, estruturas de casas, prédios e pontes, equipamentos hospitalares, automóveis, motos, ônibus, aviões, bicicletas, painéis de energia solar e em diversos outros itens.

    Por ser flexível, permite inúmeros desenhos geométricos, atendendo a demandas de produtos em diferentes segmentos. É resistente, não se deforma e tem vida útil longa. Por ser leve, possibilita maior eficiência, capacidade de carga e menor desgaste. No transporte, por exemplo, os veículos que têm alumínio em sua composição emitem menos CO2 na atmosfera. Por fim, é infinitamente reciclável.

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