Há algum tempo (julho de 2017 e janeiro de 2018), foi noticiada a hipótese de anglo-australiana BHP Billiton vender seus 50% no capital da Samarco Mineração para a sócia Vale S.A, dona da outra metade. Essa probabilidade foi cogitada após da tragédia com rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro Fundão, do complexo da Mina Germano, em Mariana. A tragédia, em 5 de novembro de 2015, causou 19 mortes.
Pois bem. A BHP acaba de solicitar (e foi atendida) ao Governo de Minas o cancelamento do Protocolo de Intenções Nº 036/2011, assinado por sua subsidiária BHP Billiton Brasil Ltda. Com suporte fiscal do Estado, a multinacional planejava implantar “unidades industriais nos municípios de Ouro Preto e Itabirito”. Essas instalações seriam “destinadas à produção e comercialização de concentrado de minério de ferro”. O protocolo era pelo prazo de dez anos a contar de 06/07/2011, ou seja, até 2021.
No ato da assinatura do protocolo, os executivos da BHP não deram entrevistas. Porém, o Governo de Minas, em comunicado revelou que a mineradora realizaria investimentos de R$ 3,7 bilhões. Abrangeriam projetos integrados de lavra, beneficiamento e logística – ferrovia da MRS Logística – até um terminal portuário no litoral do Rio. A conclusão da primeira fase ocorreria em 2017.
Projeto para 20 milhões t/ano
A BHP Billiton, maior mineradora do mundo e com sede em Londres, pensou em localizar o complexo de beneficiamento na divisa Ouro Preto-Itabirito. A capacidade inicial prevista para 20 milhões t/ano de minério de ferro. Dessa produção, 80% seriam destinados à exportação. Havia estimativa de geração de 1.100 empregos diretos (e 1.100 indiretos).
Para o projeto portuário, a BHP havia adquirido área no terminal portuário de Mangaratiba/Itaguaí no (Baía de Sepetiba, Rio), ponta do ramal ferroviário da MRS. O terminal pretendido pela multinacional seria capaz de atender a expedição anual de até 50 milhões t. Ou seja, as escalas de produção nas minas e unidades de beneficiamento poderiam ser expandidas.
BHP tinha 60 áreas em Minas
O então presidente da BHP Billiton Brasil, Sebastião Ribeiro, comentou, porém, que faltava definir o tamanho das operações com lavras de minério no Quadrilátero Ferrífero. Mas, que a empresa começava a medir potencial em jazidas adquiridas na região.
Na época, junto ao Departamento Nacional de Pesquisa Mineral (DNPM – atual Agência Nacional de Mineração, a ANM), a BHP detinha cerca de 60 autorizações de pesquisas para minério de ferro em Minas. A maioria delas localizada nos municípios de Ouro Preto, Mariana, Brumadinho e São Joaquim das Bicas. A empresa tinha também “sondagens” de oportunidades no Norte do estado (Padre Carvalho, Grão Mogol e Riacho dos Machados).
Contudo, a mineradora identificava dificuldades (restrição ambiental do Governo do Rio: impactos paisagísticos numa área de importância turística) para construir o terminal marítimo em Mangaratiba.
Vai provisionar US$ 260 milhões
Em 16 de julho, a BHP Billiton anunciou, de acordo com a “Reuters”, que faria provisionamento de US$ 260 milhões (R$ 980,2 milhões na cotação do dia) para “acelerar o descomissionamento das barragens de rejeitos da Samarco”. No último dia 1º, informou que aportaria US$ 44 milhões para o reinício das atividades em Mariana, em 2020.
O descomissionamento é uma exigência das autoridades públicas. E veio no bojo da tragédia com o rompimento da barragem de rejeitos B1 dentro da Mina Córrego do Feijão (arrastou outras duas de contensão – em área externa, mas da Vale), em Córrego do Feijão (Brumadinho). Este rompimento, provocou 252 mortes (18 desaparecidos), em 25 de janeiro deste ano.
Fonte: Além do Fato