A Bahia se destaca no cenário nacional e internacional quando o assunto é mineração. O estado, que é o maior produtor de cromo no país e participa da cadeia de fabricação dos aços inoxidáveis brasileiros, conta com a maior extração de magnesita das Américas, tem a maior mina de diamantes e a principal produção de talco da América Latina, além de ser o único a extrair vanádio nas Américas, colocando o estado como um dos mais competitivos do mundo no fornecimento do minério.
Colecionando números que impressionam, o setor de mineração baiano tem no Sindicato das Indústrias Extrativas de Minerais Metálicos, Metais Nobres e Preciosos e Magnesita no Estado da Bahia (SINDIMIBA) um local para estudos e coordenação da atividade. O sindicato, fundado em 2011 e com registro sindical deferido em 2017, quer ser uma representação do setor nas relações com os diversos níveis da sociedade. O grupo é formado por mineradoras de cobre, cromo, diamante, ferro, magnesita, níquel, ouro, talco e vanádio.
Onze empresas são associadas ao sindicato: Atlantic Nickel, BAMIN, Ferbasa, Imi Fabi Talco, Leagold, Lipari Mineração, Mineração Caraíba, Pedra Cinza Mineração, RHI Magnesita, Vanádio de Maracás e Yamana Gold. Mas o número de mineradoras em atividade na Bahia é superior ao de associadas. Presidente do SINDIMIBA e diretor da Federação das Indústrias do Estado da Bahia, Paulo Misk conta que são 535 mineradoras em 221 municípios, atuando no fortalecimento da economia do estado e desses municípios: “Esse impacto da mineração é bastante representativo na medida que ela não só produz esses materiais, mas gera quantidade de empregos, compras locais, que favorecem a economia da Bahia. A maioria das cidades em que as mineradoras atuam são carentes. O desenvolvimento tem dificuldade de chegar e a mineração chega lá e gera empregos”.
Empregos
Segundo dados do IBGE de 2017, mais de 14.800 empregos foram gerados na Bahia pelo setor. A atividade garantiu o incremento na arrecadação fiscal via ICMS de mais de R$116 milhões no último ano. Na arrecadação dos municípios que sediam as mineradoras, o número é superior a R$ 30 milhões, e para o estado supera R$ 12 milhões através da CFEM em 2018. Também no ano passado, foram comercializados mais de R$ 3,2 bilhões, com mais de U$ 939 milhões movimentados em exportações desses minérios. “Desse total comercializado, a empresa tem um lucro entre 10% e 15%. O resto é usado para pagar impostos e CFEM, funcionários, compra de insumos, o que movimenta a economia na região. Entra aí o Comércio, a Indústria, serviços variados. Isso tudo é impactado”, explica Misk.
O SINDIMIBA revela ainda que a Bahia tem mais de 2 milhões de toneladas de 52 diferentes minérios extraídos por ano e mais de 75% das compras de produtos e contratação de serviços é feita no próprio estado. Diretor administrativo do sindicato e diretor de operações da Mineração Caraíba, Manoel Valério reforça o discurso de um estado promissor no cenário da mineração. Ele conta que a mineradora que dirige beneficia Juazeiro, Curaçá, Jaguarari, Uauá e Andorinha. “A Caraíba gera quase 3 mil empregos diretos de moradores da região. Além disso, temos uma adutora que atravessa a localidade e beneficia mais ou menos 100 mil pessoas, impactando positivamente também outros serviços que não é só a indústria de mineração. Consumimos 20% dessa água e o resto, 80%, é distribuída pelas comunidades da região”.
Protagonismo
Aproximadamente 95% das reservas de cromita do Brasil encontram-se na Bahia – mais uma evidência do protagonismo do estado no setor. Wanderley Lins, vice-presidente do SINDIMIBA e diretor de mineração na Ferbasa, conta que a empresa produziu, em 2018, cerca de 540 mil toneladas de minério de cromo para os mercados interno e externo, mantendo cerca de 4 mil postos de trabalho diretos e indiretos em todas as unidades produtivas e administrativas da companhia, priorizando sempre a contratação local. “A Bahia possui uma vocação natural para a mineração devido às suas riquezas minerais. Isso favorece muito a atividade no estado pela possibilidade de longevidade dos negócios, pelos investimentos na extração e nas áreas de pesquisa e desenvolvimento, mas, sobretudo, pela capacidade de atendimento dos mercados nacional e internacional com a comercialização de produtos com alto padrão de qualidade”, diz Wanderley.
Outra evidência do protagonismo baiano no cenário nacional é o fato de que, em uma escala de produção mineral, a Bahia fica atrás apenas de Minas Gerais, Pará e Goiás. Esse é um dado revelado pelo diretor financeiro do SINDIMIBA, Pedro Leite, que dirige a RHI Magnesita (a Bahia tem a maior reserva do minério de magnesita no mundo fora da China). O caráter moderno e sustentável da atividade no estado ganha destaque em seu discurso: “A Bahia tem grandes áreas de preservação asseguradas pelas mineradoras, geração de empregos formais e renda, além de investimentos sociais consistentes que refletem em mais cultura e educação para as cidades”.
Sustentabilidade
Quando o tema é sustentabilidade, o setor reconhece que vive um momento de crise de imagem, o que, segundo Manoel Valério, pode ser creditado a uma associação que as pessoas ainda fazem com o garimpo como algo que só degrada o meio ambiente. Assim como os demais membros do sindicato, ele defende a importância de melhorar a imagem que o público tem, através de uma comunicação que acabe com a desinformação. “A mineração gera impactos em uma área específica, mas os órgãos ambientais fazem um trabalho muito sério e a gente mostra para eles a viabilidade dos empreendimentos, como vai se desenvolver. Não é algo desordenado, nós temos obrigações para atender e atuar dentro da legislação”.
Neste sentido, o SINDIMIBA está trabalhando num projeto que visa esclarecer a população baiana e levar ao público a real imagem do segmento, através de vídeos que serão produzidos em torno de diferentes temáticas, como os minérios produzidos na Bahia pelas mineradoras associadas, sobre uso consciente da água, preservação e recuperação ambiental, projetos sociais e os diversos impactos positivos da mineração na região e na comunidade.
Para Paulo Misk, uma comunicação transparente é o caminho para equacionar o problema: “Nós fizemos dois seminários na FIEB este ano falando da situação das barragens na Bahia, a segurança, os projetos. Eu vejo uma atuação muito responsável das empresas na Bahia. A Ferbasa, por exemplo, faz um trabalho social consistente no entorno das suas operações. A Caraíba fornece água para municípios na região. A Vanádio tem projetos de incentivo ao esporte na cidade. A gente quer comunicar com transparência os impactos positivos da atividade”.
COMO ATUA CADA MINERADORA
- Atlantic Nickel: É uma empresa que concentra as suas operações em uma das maiores minas de níquel sulfetado a céu aberto do mundo e produz concentrado de níquel. A Mina Santa Rita está localizada em Itagibá (BA). Investe em iniciativas que contribuem para o desenvolvimento do território com a aplicação de ações e normas ligadas à saúde, segurança, gestão ambiental e social.
- BAMIN: Atua na extração do minério de ferro da mina Pedra de Ferro, localizada na região de Caetité, e depois levará até o porto sul, em ilhéus, pela FIOL (ferrovia de integração oeste-leste) para de lá seguir para o mundo. A empresa conta que tem o compromisso de contratar pelo menos 60% da mão de obra local.
- Ferbasa: Atua nas áreas de mineração, metalurgia, florestal e energia renovável. A empresa mantém o sistema integrado de gestão ambiental, saúde e segurança certificado nas normas ISO 14.001 e OHSAS 18.001, para preservação da segurança e proteção dos colaboradores e do meio ambiente. Entre as certificações, estão ainda a ISO 9001. Seu programa de responsabilidade social beneficia cerca de 65 mil pessoas, com projetos de educação, cultura, meio ambiente, esporte e desenvolvimento rural comunitário realizados nas localidades situadas no entorno da companhia.
- Imi Fabi Talco: A companhia atua na produção de talco. A rede operacional produz e distribui produtos industriais de talco e faz negócios com uma variedade de clientes em diferentes setores – incluindo plástico, papel, tintas e enchimentos, cerâmicas, alimentício, fertilizante, produtos farmacêuticos e cosméticos e muito mais. Na Bahia, a mina está localizada na cidade de Brumado.
- Leagold (FAZENDA BRASILEIRO DESENVOLVIMENTO MINERAL- FBDM):Mina de ouro localizada no município de Barrocas no estado da Bahia, com aproximadamente 1.200 hectares sendo acessível por via aérea e rodoviária. A mina está presente a mais de 30 anos na região e tem o compromisso socioambiental com as comunidades em seu entorno, tendo abrangência nos municípios de Barrocas, Biritinga e Teofilândia, empregando direta e indiretamente mais de 3.600 pessoas da região.
- Lipari Mineração: Possui e opera a Mina de Diamantes Braúna, situada em Nordestina. A Mina Braúna é a primeira de diamantes da América do Sul, desenvolvida a partir de um depósito de kimberlito, a rocha fonte primária de diamante. A Companhia emprega direta e indiretamente mais de 400 pessoas, a maioria proveniente de Nordestina e comunidades vizinhas.
- Mineração Caraíba SA (MCSA): Está presente na região há mais de 40 anos e mantém uma equipe especializada à frente das ações sociais, com contato direto com as comunidades, realizando cursos e seminários para a implantação de programas, projetos e ações focados no desenvolvimento local, buscando a desvinculação da dependência da MCSA.
- Pedra Cinza Mineração – PCM: A Pedra Cinza venceu licitação da estatal CBPM para exploração de zinco, chumbo, e fosfato na região de Irecê e Lapão, a 500km de Salvador.
- RHI Magnesita: Líder global em produtos refratários, sistemas e soluções, indispensáveis para processos industriais de alta temperatura que excedam 1.200 ° C em diversos setores industriais, incluindo aço, cimento, metais não-ferrosos e vidro. Tem três complexos minerários no estado (em Brumado e Santaluz) e duas usinas de beneficiamento. Em 2019, investiu mais de R$ 2 milhões em projetos sociais beneficiando cerca de 6 mil pessoas nas duas localidades.
- Vanádio de Maracas: A Largo Resources / Vanádio de Maracás S/A é uma mineração focada na produção de vanádio de alta pureza, que é um metal estratégico usado na produção de aço de alta resistência e em ligas especiais usadas pela indústria aeroespacial. A mina está localizada em Maracás, no interior da Bahia, e é a única mina de vanádio das Américas.
- Yamana Gold: Produtora de metais preciosos sediada no Canadá, com significativa produção de ouro e prata, propriedades em estágio de desenvolvimento e em estágio de operação nas Américas, incluindo Canadá, Brasil, Chile e Argentina.
Fonte: Correio*