A indústria da mineração baiana deu ontem um importante passo rumo a união do setor em torno do desenvolvimento da inovação e de uma atuação cada vez mais sustentável. Ponto alto do I Fórum Internacional de Inovação e Sustentabilidade da Bahia, o Hub de Mineração da Bahia foi lançado pela Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM) para estimular o desenvolvimento de soluções para o setor.
“É de toda a mineração, está sendo lançado graças a participação de todos”, comemorou o presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm. O conceito fundamental da estrutura consiste na busca por soluções que ajudem a Bahia no aproveitamento de todo o seu potencial para a mineração, aponta.
“A ideia do hub é conseguir aproximar os atores que fazem a mineração acontecer na Bahia para tornar essa atividade cada vez mais forte”, destacou Tramm. Existe uma expectativa de que o projeto auxilie o setor a encontrar soluções para problemas que são comuns a todos. Deste modo, as empresas participantes dividiriam os investimentos no desenvolvimento dos projetos e posteriormente colheriam os frutos das soluções encontradas.
O hub pretende aproximar as principais demandas por inovações – sejam de natureza tecnológica, ou mesmo relacionadas a mudanças em processos – das start-ups, empresas cujo objetivo é desenvolver novas tecnologias, ou que se diferenciem por uma atuação baseada no uso de novas tecnologias. A partir da atuação em um hub, a concorrência no setor mineral deve passar a dar lugar, cada vez mais, às parcerias.
Por que o hub
Entusiasta da criação do Hub de Mineração da Bahia, o empresário Eduardo Athayde, diretor do Instituto diretor do WWI Brasil, ressaltou a necessidade de uma modificação nas formas de atuação da iniciativa privada nos dias atuais. “A velocidade do crescimento da população humana nos desafia a encontrar formas de atuação cada vez mais inovadoras e sustentáveis”, avaliou. Athayde fez questão de ressaltar que a visão de sustentabilidade, no caso, vai além da ideia da preservação ambiental.
Athayde fez questão de destacar ainda a importância dos produtos minerais na sociedade atual. “Este é um dado divulgado nos Estados Unidos, mas não deve haver uma grande diferença aqui. No decorrer da nossa vida, consumimos 1,4 tonelada de minerais”, afirma. “Estão em tudo o que consumimos”.
O hub da mineração baiana surge então para ajudar a atividade a alcançar um “novo modelo de governança” e se alinhar a conceitos que são caros nos tempos atuais, como um uso cada vez maior da internet das coisas e de conceitos da indústria 4.0.
Com a iniciativa, a expectativa do setor é se distanciar cada vez mais da imagem de uma atuação mais conservadora, que ainda é vista pela sociedade. “A mineração mudou demais o seu modo de atuação, mas precisa trabalhar a maneira como é vista pela sociedade, que ainda nos enxerga com base na maneira como nós atuávamos no passado”, destacou o diretor de comunicação do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), Paulo Soares.
“A ideia do hub é bastante interessante porque qualquer empresa, independente do seu setor de atuação, precisa de inovação. Essa não é uma demanda da mineração”, destaca Soares.
Cimatec à disposição
O diretor de Tecnologia e Inovação do SENAI Cimatec, Leone Peter Andrade, destacou a importância da inovação para o desenvolvimento de qualquer atividade econômica. “O futuro da mineração, como de qualquer outra atividade, depende de uma forma de atuação inovadora”, destaca.
Segundo Leone, o campus tecnológico já realiza trabalhos para a indústria mineral e está à disposição para ampliar as parcerias com o setor. Ele lembrou que o estado de Minas Gerais é pioneiro na criação de uma estrutura para reunir o setor mineral em torno da inovação e acredita que o projeto na Bahia pode ser tão bem sucedido quanto o de lá. “O setor tem se desenvolvido bastante com a utilização do Mining Hub, em Minas. Nós iremos fazer aqui algo tão importante quanto o que existe lá”, acredita.
Leone Peter destacou que a estrutura do Senai Cimatec pode ajudar no desenvolvimento de soluções relacionadas à automação. “Temos cases com empresas do setor e iremos ampliar essa atuação a partir da criação de um núcleo para a mineração”.
A apresentação despertou o interesse do representante da Embaixada Holandesa para a área de negócios e inovação, Willem Moraal, que ressaltou o interesse em trazer uma missão do país para conhecer o Cimatec.
Coordenador Mining Hub, Gustavo Roque defendeu a importância da iniciativa para o futuro da atividade. “Nós constatamos que as novas gerações simplesmente não querem trabalhar com a gente”, contou. “Nosso setor é visto como arcaico, dispensável e não se comunica bem”, enumerou.
A partir do diagnóstico, contou Gustavo, o setor se reuniu em busca de soluções para um tripé: inovação, mudança de cultura e comportamento, além de uma transformação na imagem. Hoje, participam da iniciativa 25 mineradoras e 21 prestadores de serviços.
Fonte: Jornal CORREIO.