Vice-presidente da AngloGold Ashanti Brasil, Camilo Farace comanda um investimento de US$ 120 milhões nas operações de Minas Gerais e Goiás. Farace visitou a rádio Super 91,7 FM e o jornal O TEMPO para falar sobre a mineradora de ouro que fez 185 anos no Brasil.
Com 13 operações em nove países da mineradora sul-africana, qual é a importância do Brasil na atuação da empresa?
A AngloGold produz no Brasil perto de 15,5 toneladas de ouro por ano e, como organização, é a terceira produtora global.
Em Minas, onde a AngloGold tem atuação em Caeté, Sabará, Nova Lima e Santa Bárbara, há minas de ouro em todas essas cidades?
Sabará, Caeté e Santa Bárbara são os locais onde a gente tem mina, e, em Nova Lima, concentra-se nossa maior planta metalúrgica do Estado.
A AngloGold tem uma grande tradição em estar atuando em Minas Gerais, não é?
É um prazer enorme para a AngloGold chegar à marca dos 185 anos como uma empresa de mineração na qual estamos desde 1834 quando aqui chegaram os ingleses e fundaram a Saint John Del Rey Mining Company, e iniciando as atividades em Nova Lima. O Brasil era império, e tivemos visita até do imperador da época, D. Pedro II. Desde então, a empresa continua forte. Temos no Brasil perto de 7.000 pessoas que trabalham diretamente para a AngloGold, o que faz com que a empresa tenha um significado grande no setor da mineração, principalmente no de ouro.
Qual é a produção de ouro em Minas Gerais?
No Brasil, no ano passado, produzimos perto de 15,5 toneladas de ouro, sendo que 75% desse montante foi produzido em Minas Gerais.
Esse volume pode crescer neste ano dada a demanda maior do mercado?
A flutuação da produção de ouro depende de vários fatores, mas principalmente, da questão do teor metálico contido no minério, e nossa projeção para este ano é um pouco superior ao que fizemos no ano passado.
Já dá para saber qual foi esse aumento na produção?
Em torno de 3% a 4%.
Temos ainda uma reserva grande de ouro em Minas?
Investimos muito em relação a prospecção, exploração e sondagem. Por isso, temos hoje dentro do nosso plano um volume de recursos e reservas que projetam a gente passar os 200 anos. Temos acima de 15 anos como projeção de continuidade dessas operações.
Para fazer essa pesquisa desse potencial, vocês furaram um buraco muito fundo. Conte essa história para a gente.
A gente faz um trabalho grande de desenvolvimento de mineração e sondagem para ter a capacidade de manter a produção. Recentemente, há dois, três anos, fizemos em Minas o furo mais profundo conhecido em solo brasileiro perto de 2.400 m de profundidade e interceptamos mineralização positiva. Portanto, a expectativa é que nossas minas estarão ampliando. Hoje, estamos lavrando a 1.300 m de profundidade em relação ao nível de entrada da mina principal que temos. É o local mais profundo que existe hoje no Brasil em que alguém possa alcançar o solo. Devemos ter por volta de 400 a 500 pessoas trabalhando no ambiente do subsolo (neste momento).
Com seis certificações ambientais, recentemente, a AngloGold fechou um contrato com a joalheira Vivara. Isso quer dizer que o ouro produzido pela mineradora não vai mais embora do Brasil?
O que a AngloGold tem é um contrato comercial com a Vivara, e, para nós, é um prazer grande porque exportávamos 100% de nossa produção e, hoje, somos o único fornecedor dessa empresa que tem perto de 234 unidades no Brasil. Quando as pessoas olharem as vitrines da Vivara, poderão ter a certeza e a garantia da rastreabilidade, da qualidade e da certificação da origem do ouro, que é genuinamente nacional.
Em relação à questão das barragens, como é fazer a transição num momento em que vivemos todo o reflexo da tragédia da Vale em Brumadinho, como lidar com isso tudo?
Em Minas Gerais, temos seis barragens 100% a jusante. Não temos nenhuma barragem a montante em Minas Gerais, assim como em qualquer outra área no setor de mineração. Por isso, chegamos a 185 anos. Acredito eu, estamos bastante conectados com o que é definido pela legislação. Portanto, cumprimos o que é definido e buscamos ampliar e antecipar tecnologicamente várias questões. Desde o ano passado, já havíamos tomado a decisão de fazer toda a migração de Minas Gerais para a deposição a seco, e, hoje, já temos instalado um percentual significativo de nossa produção sendo estocado a seco. Em breve, estaremos completando o ciclo e atingindo 100% de deposição a seco. Nossas barragens, são todas certificadas. Em setembro, houve o processo nacional de certificação através da declaração de coeficiente de segurança de barragens, e todas estão seguras porque foram aprovadas dentro desse processo.
Neste ano, são US$ 120 milhões, mas a mineração exige um constante investimento. Tem algum investimento maior daqui pra frente?
A atividade de mineração, principalmente a que tem lavra subterrânea, possui uma demanda de capital intensivo muito grande no sentido de fazer com que, à medida que ela aprofunda, maiores investimentos vão ter que acontecer, maiores custos vão ter que acontecer. Isso é inerente ao processo. No caso específico da mina, a gente tem que fazer muita exploração para que se antecipe o conhecimento sobre a forma em que os corpos estão dispostos no ambiente do subsolo, para que a gente faça as galerias de desenvolvimento, os túneis – cada metro de um túnel construído pela AngloGold custa em torno de R$ 14 mil, R$ 15 mil o metro desenvolvido para passarem os caminhões e os equipamentos, com sessões em torno de 5 m x 4,5 m de largura. Independentemente de expansão, tem um custo elevado de capital para o próprio desenvolvimento da mina e é por isso que anualmente ela tem investido mais de US$ 100 milhões para que tenha a capacidade operacional mantida da organização no Brasil.
Está perto de R$ 400 milhões por ano?
São acima de R$ 400 milhões investidos anualmente fora o custeio. Temos o orgulho de dizer que temos 95% do nosso custo sendo realizado especificamente no Brasil. Nossas compras atingem 95%. É um índice de nacionalização bastante elevado para uma atividade de mineração que não é a mais forte no Brasil, que é a atividade de mineração subterrânea. Com isso, a AngloGold acredita que contribui de forma significativa para geração de emprego e renda dentro do território nacional.
Fonte: O Tempo.