Marcos André Gonçalves, presidente do Conselho Superior da Adimb destacou durante painel sobre Invest Mining na Exposibram que falta projetos bem estruturados em termos de dados e auditoria e revisão de pares capaz de atrair o interesse de investidores internacionais
Quais as condições necessárias para fomentar o financiamento e a captação de recursos para a atividade minerária no Brasil? Esse foi o centro do debate durante o Painel “Invest Mining – A rede de investimentos para projetos de mineração”, realizada durante a Exposibram, No painel moderado pelo sócio do Caputo Bastos e Serra Advogados, Frederico Bedran Oliveira, os participantes analisaram as alternativas e perspectivas para o financiamento do setor no Brasil.
Marcos André Gonçalves, presidente do Conselho Superior da Adimb, ressaltou que embora o Brasil tenha poucos instrumentos de financiamentos, projetos bem estruturados têm mais possibilidade de conseguir investimentos. “Pode até demorar, mas os investimentos vão aparecer,”
Gonçalves avalia que a grande dificuldade de quaisquer projetos de pesquisa hoje, é que ainda é um investimento que envolve risco. “O investidor vai olhar se esse projeto está organizado, se tem auditoria dos big four – grupo das quatro maiores auditorias do mundo: Deloitte, KPMG, EY e PwC – histórico e avaliação entre pares, que são condições essenciais para se atrair investidores”.
HUB DE PROJETOS
Coordenado pela Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB), dentro da Rede Invest Mining, o Hub de projetos tem buscado criar uma carteira de bons projetos em fase de pesquisa mineral capaz de atrair o interesse de investidores.
De acordo com Gonçalves a iniciativa do Invest Mining é um êxito pela quantidade de projetos que a chamada pública recebeu. E que embora tenha ficado claro, a falta de instrumentos para financiamento disponíveis e de projetos estruturados numa etapa inicial. “Temos boas perspectivas porque estamos nos adiantando a iniciativas que buscam criar novos mecanismos de investimento, pulverizando risco entre diversos mecanismos, é isso vai de encontro com os objetivos da Invest Mining,” disse.
Gonçalves conta que alguns projetos precisam avançar em requisitos mínimos para captação de recursos. “No caso do Hub de Projetos sob a responsabilidade da Adimb na Invest Mining, ficou claro que projetos existem, em um curto espaço de tempo recebemos 33 propostas, mas ainda faltam projetos bem formatados, e isso é um critério muito importante. O que falta são projetos bem estruturados,” frisou Gonçalves.
Segundo Gonçalves, para que o país possa ter um ambiente favorável à atração de investimento é importante ter mecanismos de financiamentos, mas também trâmites regulatórios mais ágeis, no que diz respeito a licenças ambientais equacionadas, dando previsibilidade para quem deseja investir.
“Paralelo a tudo isso, as práticas ESG são transversais a toda cadeia da indústria. É como a gravidade. Você sabe que existe e é preciso ter boas práticas,” complementa o Gonçalves.
Incentivo a Pesquisa via mercado de Capitais
Miguel Nery, coordenador da Invest Mining avalia que o capital deixou de ser especulativo e as empresas que atuam no setor de mineração no Brasil estão mais fortes e maduras. “Há interesse dos investidores internacionais em construir projetos no curto prazo. No entanto, é necessário criar novos instrumentos de financiamento para o setor, para viabilizar vários projetos que podem contribuir para a diversificação da produção mineral do país,” disse.
Nery explicou que a Invest Mining defende que uma das alternativas para se criar uma cultura de investimentos em mineração no país, seria incentivar à pesquisa mineral via mercado de capitais, com a criação no Brasil de uma Bolsa de valores de capital de risco na Mineração, a exemplo do Canadá, que há décadas usa esse instrumento para financiar seus projetos.
O próximo passo, segundo Nery, será promover encontros entre investidores e empresas listadas na carteira da Rede. Estão previstos encontros no Rio de Janeiro/RJ: 20/10, São Paulo/SP: 10/11 e Ouro Preto/MG: 30/11 (SIMEXMIN).
Flávio Moraes da Mota, chefe de Departamento de Indústrias de Base e Extrativa do BNDES, concordou com a avaliação de Gonçalves, destacando que o banco tem longa trajetória em financiar projetos de mineração no país e apresentou as principais linhas de financiamento da instituição voltadas para o setor de mineração.
Mota afirmou que o BNDES quer viabilizar soluções para adicionar novos investimentos para o desenvolvimento sustentável do setor mineral brasileiro. Para isso possui linhas de crédito para aquisição de equipamentos, recuperação de áreas degradas, atividades de inovação para apoiar projetos de implantação, expansão, modernização de unidade de beneficiamentos
Sobre a Invest Mining
A rede é fruto de uma união inédita de organizações das esferas pública e privada, com o objetivo de melhorar o ambiente de negócios na mineração e promover as boas práticas de sustentabilidade, governança e cuidado social. Regida por um estatuto, a rede está aberta à adesão de mais entidades interessadas em participar desse marco, que traz uma mudança fundamental na cultura de investimento em mineração no Brasil.
Fazem parte da Rede de Financiamento Invest Mining, organizações públicas e privadas. Participam: bancos; fundos; gestores de ativos e bolsas; representantes da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa Mineral e Mineração (ABPM); Agência para o Desenvolvimento e Inovação do Setor Mineral Brasileiro (ADIMB); Brazil-Canada Chamber of Commerce (BCCC, sigla em inglês); Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Agência Nacional de Mineração (ANM, Serviço Geológico do Brasil e Ministério de Minas e Energia via Secretaria de Geologia, Mineração e Transformação Mineral (MME/SGM), além do Instituto Brasileiro de Mineração.
Para saber mais sobre a Rede Colaborativa para Financiamento da Mineração acesse www.investmining.com.br