(Bloomberg) — A turbulência financeira que atinge as ações de metais industriais tem um lado positivo: os preços mais baixos da energia podem beneficiar mineradoras.
David Harquail, diretor-presidente da empresa de streaming e royalties Franco-Nevada Corp., acredita que é um fator “muito positivo”. O combustível é um custo operacional essencial para mineradoras, que precisam operar máquinas gigantes que perfuram e processam grandes volumes de minério.
Mineradoras são “grandes consumidoras de energia e, na medida em que seus custos são mais baixos, isso ajuda as margens”, disse Harquail em entrevista por telefone. “Se você olhar para a típica mina a céu aberto, apenas a energia representa cerca de 25% do custo de mover e triturar rochas”.
O grau de positividade dos efeitos varia de acordo com a empresa, dependendo do tipo de metal que produzem e de como o mineram.
Para as mineradoras de ouro, que já se beneficiam de preços perto do maior nível em sete anos, a probabilidade de um impacto positivo é maior. Para uma empresa com custos de caixa de, por exemplo, US$ 800 a onça, cerca de US$ 200 normalmente seriam custos de energia, disse Harquail. Com os preços da energia quase pela metade, é uma economia de US$ 100 a onça, calcula.
Os preços mais baixos do petróleo “não terão impacto negativo, e os impactos positivos nos preços em nossos custos operacionais são variáveis, dada a ponderação diferente do uso de combustível (diesel, gás e combustível pesado) em nossas operações”, disse o porta-voz da Barrick Gold por telefone.
Para mineradoras de metais comuns, os benefícios são menos evidentes. A queda do petróleo desencadeada pelo excesso de oferta, agora um catalisador essencial por causa da guerra de preços entre Arábia Saudita e Rússia, pode ser positiva para empresas de mineração. Mas, quando os preços mais baixos dos combustíveis são causados pela perspectiva de desaceleração do crescimento econômico, como é o caso do surto de coronavírus, os benefícios da energia mais barata para mineradoras podem ser minimizados pelo impacto que recebem dos preços mais baixos de seus próprios produtos.
Fonte: UOL