Assembleia ordinária de acionistas da Vale definiu nessa terça-feira (30) os 13 membros do Conselho de Administração, incluindo Patricia Bentes, indicada por minoritários que desafiaram uma candidata que contava com o apoio dos controladores da mineradora, informou à Reuters uma pessoa que participou do encontro.
Administradora de empresas, com mestrado em Finanças e Marketing pela USP, Patricia foi indicada como membro independente por Geração Futuro L. Par, Victor Adler e Vic Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários, tendo Marcelo Gasparino como suplente.
A eleição de Patricia, sócia-diretora da consultoria Estatice Holdings e também conselheira da elétrica Cemig (CMIG4.SA), deixou de fora do colegiado da Vale a candidata dos acionistas controladores, a economista Clarissa Lins, que já atua como conselheira da Petrobras.
Na primeira assembleia após o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), que matou centenas de pessoas, acionistas buscaram fortalecer o novo conselho da Vale, propondo executivos com mais experiência em questões de mineração, sustentabilidade e governança corporativa.
A eleição de Patricia Bentes apenas foi possível graças a um sistema de votação múltipla, requerida por acionistas. Anteriormente, a votação era feita em uma chapa.
O voto múltiplo foi adotado depois que mais de 5 por cento dos acionistas da Vale solicitaram a sistemática.
Os demais 11 nomes apontados pelos acionistas controladores da empresa foram eleitos, incluindo outros dois membros independentes: Sandra Guerra e Isabella Saboya.
Os demais são: José Maurício Coelho, presidente da Previ; Marcio Hamilton Ferreira, Marcel Barros, Marcelo Labuto, Fernando Buso, Eduardo Rodrigues Filho, Oscar Camargo, Toshiya Asahi e José Luciano Penido.
Eduardo Rodrigues Filho é um ex-executivo da Rio Tinto, enquanto José Luciano Penido foi presidente-executivo da Samarco entre 1992 e 2003.
Lucio Azevedo, representante dos funcionários, completa a lista de 13 conselheiros. Ele já havia sido reeleito pela força de trabalho anteriormente.
Os conselheiros eleitos terão mandato de dois anos.
A composição do conselho por 13 membros foi possível também devido a uma aprovação nesta terça-feira, em assembleia geral extraordinária, da inclusão de mais uma cadeira independente no colegiado.
Os acionistas controladores da Vale são a Bradespar SA, a japonesa Mitsui & Co Ltd e a Litel, que detém as participações de alguns fundos de pensão brasileiros.
BRUMADINHO
As escadarias da sede da mineradora, no Rio de Janeiro, amanheceram nesta terça-feira tomadas por placas com os nomes das vítimas desastre de Brumadinho, em 25 de janeiro.
O protesto, no qual foram lembrados 233 mortos pelo desastre e 37 ainda desaparecidos, foi liderado pela Articulação dos Atingidos e Atingidas pela Vale, grupo de manifestantes críticos à empresa, integrado também por alguns acionistas da mineradora.
O desastre também atingiu comunidades, mata e rios da região, incluindo o importante rio Paraopeba.
Apesar de manifestações contrárias, a empresa aprovou todos os itens previstos, segundo informações da pessoa que participou da assembleia.
Acionistas ativistas chegaram a solicitar a rejeição do Relatório de Administração referente às atividades da empresa no último período, além da paralisação integral das atividades da mineradora e a destituição completa de sua diretoria, por conta de Brumadinho.