A República Quirguiz, ou apenas Quirguistão, é um pequeno país com pouco menos de 200.000 km², localizado na Ásia Central. Por este motivo, o país não possui saída para o mar, fazendo divisa com o Cazaquistão ao norte, Uzbequistão a oeste, Tadjiquistão a sudoeste e a China ao leste.
O Quirguistão se destaca na agricultura e mineração, e por esta razão, a maior parte de sua população está concentrada em zonas rurais. Com destaque para o Vale de Fergana, no sul do país. A região é altamente fértil e favorável para o cultivo de trigo, batata, beterraba, algodão e tabaco. Além da mineração de ouro, carvão e mercúrio.
Desconhecida por grande parte da população brasileira, o país é repleto de belezas naturais. Uma vez que a cordilheira Tian Shan é responsável por cobrir mais de 90% do país.
Foto: Reprodução/portalconsular.itamaraty.gov.br
O seu território sempre foi habitado por diversas tribos, clãs independentes e nômades que, apesar do terreno montanhoso, utilizaram-se da região para encruzilhadas, e rotas comerciais e culturais.
Com uma história que remonta há mais de 2000 anos, fica claro que a região esteve sob o domínio de diferentes povos ao longo do tempo. Grandes civilizações e impérios, como os mongóis, chineses, turcos e russos já tiveram a soberania do seu território, que servia como um ponto estratégico para muitas delas. Assim, a região ficou marcada como um dos mais importantes locais para a famosa rota da seda.
O reflexo disto é visto nos costumes de sua população até os dias atuais. O idioma oficial do país é o quirguiz (uma língua da família do turco), herança do domínio turco na região. O russo também é considerado uma das línguas oficiais. O país também possui um significativo número de uzbeques vivendo em seu território.
Foto:Reprodução/oglobo.globo.com
No final do século XIX, a região foi sendo aos poucos dominada pelo Império Russo, e viria a ser uma província da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) anos mais tarde. A independência só veio em 1991, quando a URSS foi dissolvida e as regiões, anteriormente dominadas pelos russos, obtiveram autonomia.
Desde então, o Quirguistão se destaca como uma das principais ex-repúblicas soviéticas na busca de uma mudança no regime político do país, e na abertura do comércio estrangeiro. Em 2005, ocorreu a Revolução das Tulipas, uma séria de protestos no país, liderado pelo movimento democrático, e que contou com o apoio dos Estados Unidos.
O movimento pedia a renúncia do então presidente Askar Akayev, que presidia o país desde antes da sua fragmentação, em 1990. Ele era acusado de nepotismo e corrupção. Além de reprimir a oposição. Na ocasião, ele foi substituído pelo então candidato Kumanbek Bakiyev, que era apoiado pelo governo estadunidense. Ainda assim, o país é palco de alguns conflitos e protestos esporádicos.
Esporte e participação continental
Embora o principal esporte do país seja o futebol, os quirguistanêses são apaixonados por outras modalidades, e algumas delas bastante excêntricas.
No futebol, a maior conquista do país foi a participação na Copa da Ásia, nos Emirados Árabes Unidos, em 2019. O estreante Quirguistão não fez feio na competição. Caiu no grupo da Coreia do Sul, China e Filipinas.
Apesar das derrotas por 1 a 0 para a Coreia, e 2 a 1 para a China, os quirguistanêses conseguiram uma vitória por 3 a 1 contra as Filipinas na última rodada e classificaram como um dos três melhores colocados. Nas oitavas-de-final, enfrentaram os donos da casa, e só foram eliminados na prorrogação, por 3 a 2.
Curiosamente, o Hóquei no gelo é um esporte de destaque no país. A primeira competição nacional aconteceu apenas em 2009, e dois anos depois o Quirguistão foi medalha de ouro na modalidade nos Jogos Asiáticos de Inverno. Vencendo todas as partidas do torneio.
Foto:24.kg
Contudo, quando olhamos mais a fundo na cultura esportiva do país, encontramos modalidades incomuns para os nossos olhos. Além dos tradicionais esportes de luta, como o Wrestling e o Sambô; a falcoaria, o arremesso de ossos e a luta a cavalo são alguns exemplos. Os esportes fazem parte dos Jogos Mundiais Nômades, evento que o Quirguistão sediou em 2014 e 2016 e contou com a participação de mais de 50 países.
Porém, nada se compara ao Buzkashi (ou Kok-boru). Trata-se de uma espécie de Pólo, esporte no qual os atletas montam em cavalos e usam tacos para levar uma bola ao gol adversário. No entanto, no esporte típico desta região, os tacos são substituídos por chicotes, que podem e devem ser usados tanto nos cavalos, como nos humanos. E o mais chocante, no lugar da bola, há a carcaça de uma cabra!
Foto:lazerhorse.org
Nos esportes tradicionais, o país da Ásia Central não possui um grande retrospecto esportivo. Até a última edição dos Jogos Asiáticos em 2018, o Quirguistão conquistou 65 medalhas em sua história, mas apenas quatro ouros. Colocando o país na trigésima posição no quadro histórico de medalhas da competição.
Trajetória olímpica
O Quirguistão, como país independente, começou a sua participação em Jogos Olímpicos em 1996. Antes disso, a região era representada pela bandeira da União Soviética, e em 1992, após a dissolução da URSS, competiu como Time Unificado.
Desde então, foram quatro medalhas para os quirguistanêses. Uma prata e três bronzes. As medalhas vieram no Judô(bronze) em Sydney 2000 e no Wrestling(dois bronzes e uma prata) em Pequim 2008, na melhor participação do Quirguistão até o momento em Olimpíadas.
Wrestling
Para Tóquio o único esporte em que provavelmente veremos a bandeira quirguiz subindo ao pódio é no Wrestling. Como visto, o país tem tradição nesta modalidade e levará uma equipe grande para os Jogos. Até o momento, o Quirguistão classificou oito wrestlers para as competições em solo japonês.
Aisuluu Tynybekova é a atual campeã mundial da modalidade e forte candidata a conquistar uma medalha em Tóquio. Além disso, ela também foi campeã da Copa do Mundo de 2020, vencendo a letã Anastasija Grigorjeva, já classificada para os Jogos.
O destaque fica para Zholama Sharshenbekov. O atleta, que compete na categoria até 60 kg na Greco-romana, foi o vencedor da Copa do Mundo de 2020 da modalidade, batendo um dos seus principais adversários, o russo Stepan Maryanyan.
Foto:http://en.kabar.kg/ (Zholama Sharshenbekov)
Fonte: Surto Olímpico