Dos mais de R$ 6 bilhões que a Gerdau pretende investir globalmente até o fim do ano que vem, pelo menos R$ 1,5 bilhão deverá ser aportado em Minas Gerais. No entanto, a aplicação dos recursos depende da manutenção das operações do complexo Várzea do Lopes, localizado nos municípios de Itabirito e Moeda, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), cujo minério de ferro exaure-se nos próximos meses.
Visando à ampliação da vida útil da mina por mais dez anos, a siderúrgica busca, junto aos órgãos competentes, a autorização para ampliar a cava em 12,8 hectares. Como a área adicional fica dentro do Monumento Natural da Serra da Moeda (Mona), o processo depende autorização do Poder Legislativo mineiro para alterar os limites originais do empreendimento.
Neste sentido, tramita na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) desde o início do mês, o Projeto de Lei (PL) 1822 do deputado Antonio Carlos Arantes (PSDB), que altera os limites originais do Mona, excluindo a área pleiteada pela Gerdau e inclui novas que serão cedidas pela companhia.
Conforme o diretor de Mineração e Matérias-Primas da Gerdau, Wendel Gomes, o projeto já passou por debate popular e agora é analisada pelas comissões da Casa. O processo foi iniciado junto aos órgãos ambientais no ano passado, mas até mesmo em virtude das dificuldades impostas pela pandemia de Covid-19, chegou ao legislativo apenas neste mês.
“Entendemos que há tempo para que seja aprovado na ALMG ainda este ano. Depois disso, será debatido também no âmbito municipal e após uma segunda aprovação que só poderá ocorrer após as eleições, devemos iniciar o processo de licenciamento ambiental de ampliação do complexo apenas no ano que vem”, detalhou.
Até lá, segundo ele, a empresa seguirá fazendo um trabalho de conscientização junto às comunidades, ambientalistas e órgãos competentes sobre as contribuições que projeto irá trazer. Para o executivo, existe muito ruído nas informações.
“Da área a ser expandida pelo plano de operação, 3,95 hectares estão em Itabirito e 8,86 em Moeda, o que corresponde a 0,54% da área total do Mona, em uma área da Gerdau, às margens da cava, sem interferência nas áreas das cavidades ou sítios arqueológicos. Além disso, estamos nos comprometendo a fazer a doação de uma área pelo menos seis vezes maior a que vamos utilizar”, argumentou.
Desde o ano passado, quando a siderúrgica deu início aos trâmites de ampliação do prazo de vida útil da mina, o assunto vem sendo discutido por ambientalistas e comunidades locais, que criticam e tentam impedir o avanço das operações para a zona de amortecimento de áreas de proteção ambiental.
Autossuficiência – As operações da Gerdau na mina Várzea do Lopes tiveram início em 2006 e garantem a autossuficiência de abastecimento de minério de ferro nas plantas da companhia em Minas Gerais, que correspondem a 60% da produção de aço da empresa no Brasil. Por isso, responde pela geração de 5 mil empregos na região e a manutenção das demais plantas industriais da siderúrgica no Estado.
“A não possibilidade de ampliação da cava prejudica a empresa e a comunidade de inúmeras formas. A começar pela realocação dos investimentos e culminando com a extinção de postos de trabalho”, completou o Head de Comunicação Global da Gerdau, Pedro Torres.
Entre os investimentos, o diretor de Mineração e Matérias-Primas destacou as ações em processamento a seco e descaracterização da barragem. Já na usina de Ouro Branco, na região Central do Estado ele citou as manutenções dos alto-fornos, bem como a modernização tecnológica, que resultarão na melhoria da competitividade da empresa – “principal foco da continuidade das operações do complexo Várzea do Lopes, inclusive”.
Sobre os impactos diretos da pandemia nos negócios da siderúrgica, Gomes revelou que as operações foram mantidas e que todo efeito ocorreu apenas por redução de demanda por parte do mercado. “Paramos o alto-forno 2 da usina e tivemos uma redução de 30%. Mas já retomamos no início de julho e estamos operando a plena carga”, finalizou.
Por Mara Bianchetti
Fonte: Diário do Comércio