terça-feira, 5 de novembro de 2024
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    50 ANOS DA HAVER & BOECKER BRASIL

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    Primeira filial do grupo alemão em outro país, a Haver & Boecker Brasil instalou-se em um pequeno escritório de engenharia para ensacamento de materiais de construção em São Paulo (SP), em 1974. Em 1975, trazendo para o país o know how da matriz, fez sua entrada no setor de processamento mineral ao fabricar suas primeiras máquinas – peneiras vibratórias e transportadores de correia (foto acima).

    Atualmente a H&B tem cerca de 320 colaboradores diretos e quatro unidades no Brasil, contando com duas divisões: a Niagara, responsável pelos equipamentos de processamento mineral, e a Maschinenfabrik, dedicada a soluções de armazenamento, manuseio, mistura, envase, ensacamento, paletização e carregamento de materiais.

    Segundo Clayton Carvalho, diretor geral da Divisão Niagara, a área desenvolveu tecnologias e produtos com particularidades adequadas para atender à demanda do mercado sul-americano. Como resultado desse processo, a fábrica, sediada em Monte Mor, no interior paulista, produz hoje mais de 90% dos equipamentos comercializados nessa região. As importações, feitas do Canadá e Alemanha, se limitam a operações de processamento mineral mais fino, caso de fertilizantes e sais, e de agregados, cimento e outros materiais de construção, principalmente telas ultrafinas ou dotadas de sistemas de ultrassom e equipamentos de laboratório de altíssima precisão, onde a marca possui reconhecimento mundial.

    Desde 1995, a Niagara deu prioridade máxima às áreas de engenharia de desenvolvimento, detalhamento e qualidade de produtos, equipando-as com recursos tecnológicos de ponta, que se alinham a modelos matemáticos específicos e próprios da H&B e à expertise e know how de seu corpo de engenheiros. Além delas, também a área de montagem interna dos equipamentos ganhou processos e ferramentas avançadas, inclusive para testagem e controle de qualidade.

    Com isso, os equipamentos fabricados pela divisão, diz Carvalho, já contam com recursos embarcados de Inteligência Artificial (IA), Realidade Virtual, Machine Learning e Automação. “Um exemplo é o sistema remoto Pulse CM desenvolvido no Brasil, por especialistas e cientista de dados, para o monitoramento online e full time de peneiras vibratórias. Essa tecnologia tem sido exportada para inúmeros países, com demanda crescente em razão dos benefícios que traz à operação mineral”, destaca o executivo.

    Os avanços não só não devem parar por aí, como estão previstos para um futuro próximo, acrescenta Ronaldo de Souza, diretor geral da Divisão Maschinenfabrik: “Estamos trabalhando em conjunto com a QUAT²RO, empresa do grupo na Alemanha, para o desenvolvimento e aprimoramento de novas tecnologias em ambas as divisões”.

    O histórico bem sucedido da H&B Brasil, em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias para aplicação na mineração pesada, acabou fazendo com que ela se tornasse uma referência para a matriz alemã do grupo. “Foram muitos projetos para desenvolver ou aprimorar tecnologias já existentes, requeridas por mineradoras no Brasil, que mais tarde passaram a ser utilizadas em outros países, como as peneiras de grande porte para processamento de areia betuminosa no Canadá, excitadores mais robustos na Austrália e grelha primária em planta de fundição na Alemanha, entre vários outros casos”, conta Carvalho.

    Ele destaca, ainda, outros projetos realizados no Brasil, que contribuíram não apenas para o crescimento da H&B como para a maior eficiência do processamento de minérios no país. Um deles, em parceria com a matriz na Alemanha, foi o sistema de peneiramento de minério de ferro a umidade natural, composto por peneiras modulares de acionamento excêntrico, modelo F-Class 2.440 mm x 7.320 mm 2D. “Essa tecnologia foi testada e aprovada por importantes clientes no Brasil e resultou no fornecimento posterior de mais de 30 peneiras para uma única operação, consolidando a H&B como especialista nesse método de classificação de minério de ferro”, diz Carvalho.

    Esse equipamento a umidade natural também é um exemplo das metas de sustentabilidade definidas pela H&B, não apenas considerando materiais adquiridos de fornecedores, como para reduzir o impacto ambiental nas operações mineiras. Segundo Carvalho, a classificação do minério a umidade natural é exponencialmente mais difícil, por eliminar a adição de água no processo. Por outro lado, é muito vantajosa para as mineradoras, que podem dispensar o uso de barragens de rejeitos e de plantas de tratamento de água.

    Outro marco foi a venda de 22 discos pelotizadores modelo GR7500, para ampliar a capacidade de processamento de duas importantes mineradoras de Minas Gerais. A empresa também investiu no desenvolvimento e fabricação de peneiras extrapesadas, com acionamento linear através de excitadores, dimensões superiores a 4.000 mm de largura x 11.000 mm de comprimento e capacidade de 15 mil toneladas/hora de areia betuminosa em temperaturas extremas (até -40°C), fornecidas a minas do extremo norte do Canadá.  Por fim, está o desenvolvimento e fabricação de uma planta completa de britagem primária e secundária e de peneiramento de minério de ferro, com capacidade de 6 Mtpa, para uma mineradora da Região Centro-Oeste do Brasil, em tempo recorde, entre as discussões iniciais e a entrega eletromecânica da instalação.

    Atualmente, dada a importância da produção nacional de minério de ferro, a H&B tem seus principais produtos voltados para esse mercado: a peneiras de movimento circular, através de eixo excêntrico, modelo N-Class S 2440 x 9760 2D, normalmente utilizada no peneiramento terciário, e a peneira de movimento livre linear através de excitadores, geralmente empregada no peneiramento secundário, modelo XL Class E 3660 x 7320 2D. “São equipamentos de tecnologia híbrida (Alemanha e Brasil), extremamente robustos e que se diferenciam pela alta disponibilidade física e eficiência no peneiramento ou classificação, sobretudo em condições extremas”, justifica Carvalho

    Fábrica da H&B em Monte Mor, em 1977 e hoje ( H&B/Divulgação) TRAJETÓRIA

    MARCADA POR EXPANSÃO E EVOLUÇÃO

    Fundada na Alemanha, em 1887, pelos primos Carl Haver e Eduard Boecker, a Haver & Boecker (H&B) veio para o Brasil em 1974, já na sua terceira geração de sócios. Primeira filial da empresa fora da Europa, instalou-se em São Paulo (SP) como um escritório de engenharia para ensacamento, iniciando em 1975 a fabricação de suas primeiras máquinas – 10 peneiras vibratórias e 13 transportadores de correia.

    Em 1977, a H&B inaugurava uma nova fábrica em Monte Mor, interior paulista, ocupando uma área de 130 mil m², mantendo o escritório na capital do estado, até 1987. Em 1978, entra em funcionamento a primeira Rotopacker, uma ensacadeira rotativa, na Minercal, produtora de cal. Apenas três anos depois, em 1981, era fabricada a centésima peneira vibratória, que chegaria ao número de 1.200 unidades produzidas em 2006. A empresa já vinha diversificando seu portfólio de produtos: lançou os sistemas de ensacamento RotoSeal® e MiniSeal® em 1998, utilizados por diversas indústrias, em particular por cimenteiras.

    Certificada com a ISO 9001:2000 em 2004, inicia um processo de expansão: criação da H&B Serviços em Pedro Leopoldo (MG), focada em serviços e reforma de equipamentos para mineração (2006); ampliação de seu prédio administrativo de 8.900 m² para 10.800m², para atender ao aumento de seus quadros administrativo, comercial e de engenharia; e inauguração, também em Pedro Leopoldo, da fábrica de telas e revestimentos (2015). Duas divisões de negócios seriam estruturadas em 2019: a Maschinenfabrik, dedicada a sistemas de ensacamento, e a Niagara, de tecnologias de processamento mineral. No ano passado (2023), inaugurou seu Centro de Tecnologia de Reforma, em Parauapebas (PA), principalmente para atender à crescente demanda por serviços de reforma de peneiras na região.

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