A importância do limite de umidade para transporte marítimo de minério

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Entre 2007 e 2009 houve acentuado aumento de acidentes graves com navios transportando minérios de níquel, bauxita e ferro, e tais acidentes foram atribuídos à instabilidade dos navios causada pela “liquefação” dos minérios a bordo. Este fenômeno da “liquefação” pode ocorrer quando o teor de umidade da carga ultrapassa um determinado limite, ligado à saturação do material, e com os movimentos inerentes ao navio ocorre um deslocamento da carga em um processo que compromete a estabilidade dos navios e pode causar seu naufrágio.

Em decorrência desses acidentes, a International Maritime Organization (IMO), agência especializada da ONU responsável pela segurança da navegação, impôs rígidas diretrizes sobre a umidade máxima para embarque seguro de minérios destinados ao transporte marítimo. Nesta linha, estabeleceu um grupo de cargas – chamadas cargas do Grupo A – que não poderiam ser embarcadas com umidade superior ao Limite de Umidade Transportável, este usualmente expresso como TML, da sigla consagrada em inglês – Transportable Moisture Limit.

O TML varia de minério para minério, e é um parâmetro regulatório de extrema importância. Em um Código pertinente, o chamado “IMSBC Code”, a IMO descreve e regulamenta os testes para determinação do TML.

O entendimento do que significa o TML é fundamental na gestão de riscos ligados ao transporte marítimo de minérios, e por isto o tema tem sido objeto de estudos dos especialistas que participam do Grupo de Trabalho (GT) do TML, que é um dos grupos criados no âmbito do CB-041, da ABNT.

O CB-041 é o Comitê que coordena, por meio do IBRAM/CONIM, tanto a normalização nacional no minério de ferro, quanto a participação das empresas brasileiras no comitê técnico TC 102 – Iron ores, da ISO – International Organization for Standardization. O TC 102 é foro no qual produtores e consumidores de minério de ferro se reúnem para discutir e desenvolver as normas técnicas internacionais de interesse do negócio minério de ferro.

Grupo GT-TML

Este GT é coordenado pelo Eng. Dany Policarpo (foto), da Vale, que também integra o grupo brasileiro que, por meio da Marinha do Brasil, participa dos trabalhos/reuniões na IMO sobre TML e segurança no transporte marítimo dos minérios.

Dany Policarpo , coordenador GT TML – crédito: divulgação

A última reunião do GT-TML ocorreu por vídeo em 19 de março de 2021, envolvendo 18 participantes,  representando a Vale (coordenador + 2), CSN ( 2), Samarco (6), Anglo American (1), MUSA (2), Mitra SK (1), Porto Sudeste (1), HCP (1) e Fundamentum P&D (1).  A pauta da reunião foi rica e permitiu intensa troca de experiências com uma aprofundada discussão dos seguintes itens:

  • Categorização de produtos da indústria do minério de ferro para transporte marítimo seguro.
  • Declarações de carga e certificações de TML e umidade.
  • Controle de umidade por porão e requisitos associados.
  • Frequência de revalidação de certificados.
  • Ensaios para determinação do TML.
  • Processo de certificação / recertificação junto à Autoridade Marítima Brasileira.

Para participar deste Grupo (bem como de outros relativos à normalização de amostragem, análise química e ensaios físicos e metalúrgicos, na ISO e ABNT) o representante da empresa pode entrar em contato com o IBRAM/CONIM, por meio do e-mail rejane.carvalho@ibram.org.br.

Fonte: IBRAM